A Copel está programando investir mais de R$ 1,3 bilhão durante os próximos quatro anos para recuperar, melhorar e expandir o sistema elétrico paranaense.
Praticamente 90% dos recursos (R$ 1,16 bilhão) vão ser direcionados para as áreas de distribuição e de transmissão de eletricidade – justamente as que refletem diretamente na percepção de qualidade do serviço junto ao público, e onde muito pouco foi investido nos últimos anos.
O dinheiro que a Copel programa investir virá basicamente das tarifas de energia pagas pelo consumidor, uma vez que o acesso de empresas estatais às linhas de financiamento mantidas por organismos internacionais de fomento como o Banco Mundial e o BID está interrompido.
“Vamos ter de compensar o que a gestão passada deliberadamente deixou de fazer, com o objetivo de ‘dourar’ as finanças da empresa e facilitar sua venda”, observou o presidente da Companhia, Paulo Pimentel. “A política de lucratividade máxima levou ao adiamento de obras e serviços essenciais, provocando a deterioração do sistema e comprometendo todos os índices de qualidade do atendimento”, avaliou.
Menos recursos - O presidente da Copel destacou que os investimentos da antiga administração em conservação e melhorias foram reduzidos ano a ano a partir de 1998. “Para se ter uma idéia, o volume investido em manutenção no ano de 2002 correspondeu à metade da dotação em 1998”.
Não foi só o dinheiro que ficou mais curto: o número de técnicos e eletricistas também caiu. “As 402 equipes de manutenção disponíveis naquele ano agora estão reduzidas a 198”, informou.
Na definição de Pimentel, a estratégia do governo anterior levou a um retrocesso no nível de qualidade do atendimento prestado pela Copel. O presidente baseou sua observação na comparação dos índices que medem as falhas no funcionamento da rede elétrica verificados em 2001 e 2002: a freqüência média de interrupções por consumidor a cada ano passou de 12,46 para 15,70 (o pior registro desde 1997) e a duração média anual acumulada dos desligamentos subiu de 13h02 para 16h20 (nível idêntico ao apurado em 1996).
“Trata-se do efeito perverso da política de não investimento praticada na gestão anterior”, constatou o presidente da Copel. “O resultado da falta de manutenção manifesta-se com rapidez e amplitude cada vez maiores, mas o caminho inverso é relativamente demorado, pois o sistema de distribuição é enorme e todo reparo é urgente”.
Ação emergencial - Anualmente, a Copel agrega cerca de 70 mil novas unidades consumidoras às redes de distribuição de energia elétrica. Em todo o Paraná, já são mais de 3 milhões de ligações servidas por um sistema que totaliza 161 mil km de linhas e redes (o suficiente para dar quatro voltas em torno da Terra), 942 mil postes e 305 mil transformadores. Os serviços da Companhia estão presentes em quase todos os domicílios paranaenses: seu índice de atendimento é de 99% nas cidades e de 87% nas zonas rurais.
Pimentel já autorizou o início imediato de um programa – a ser concluído até dezembro – que prevê uma série de ações destinadas a recuperar o padrão de qualidade dos serviços da Copel. “Na verdade, é o início de um projeto muito maior que, conforme a orientação recebida do governador Roberto Requião, vai resgatar a Copel e colocá-la de novo a serviço do Paraná e dos paranaenses”, disse.