A Copel retomou os procedimentos da chamada pública que pretende identificar e selecionar usinas produtoras de álcool e açúcar instaladas no Paraná, interessadas em constituir parcerias para a implantação de usinas geradoras de eletricidade a partir do bagaço de cana-de-açúcar. Os novos prazos estabelecidos pela concessionária fixam 18 de agosto como data limite para a apresentação de documentos para habilitação dos interessados e, até 29 de setembro para que sejam anunciados os projetos aprovados e selecionados.
O processo para aproveitamento da biomassa na geração de energia elétrica pretende instalar até 120 MW de potência junto às usinas processadoras de cana no Paraná, reforçando disponibilidades de eletricidade. Essa medida atende ao crescimento do consumo e, adicionalmente, dará solução ao passivo ambiental, representado pelos grandes excedentes não aproveitados de bagaço de cana.
“Nossas estimativas indicam que devem ser investidos, ao todo, cerca de R$ 260 milhões nesses projetos, repartidos proporcionalmente entre a Copel e os seus parceiros”, informa Luiz Antonio Rossafa, diretor de engenharia da concessionária. “É certo que a Copel deverá participar majoritariamente desses empreendimentos, detendo no mínimo 51% e no máximo 60% das ações em cada parceria”.
A íntegra do edital de Chamada Pública para os empreendimentos de geração à biomassa está disponível para consulta no endereço eletrônico da Copel na internet (www.copel.com).
ADIAMENTO – A busca da Copel por parceiros interessados em aproveitar na geração de energia elétrica os resíduos de biomassa decorrentes do processamento da cana-de-açúcar começou em abril, quando o governador Roberto Requião deu sua aprovação ao programa. O edital de chamada pública, lançado em seguida, estabelecia 26 de maio como prazo para a apresentação e habilitação dos grupos interessados.
Entretanto, em razão das dificuldades relatadas por potenciais participantes para que toda a documentação exigida fosse obtida, a Copel suspendeu o processo. Com isso, também aproveitou para avaliar com o necessário cuidado algumas sugestões oferecidas pelos industriais para aprimorar e tornar mais claros os procedimentos.
“Consideramos que dilatar o prazo para a apresentação dos documentos seria uma medida sensata e que não resultaria em qualquer prejuízo ao processo”, disse Rossafa à época. “E, como surgiram contribuições, propondo ajustes nos termos do edital, o que considero natural considerando que é a primeira experiência da Copel no aproveitamento da biomassa, nos dispusemos a estudá-las para garantir um ambiente de máxima competição e tornar esse processo absolutamente transparente”.
PROGRAMA – Comprometida com os princípios da sustentabilidade e disposta a incentivar o aproveitamento de fontes limpas e renováveis de energia, a Copel decidiu selecionar usinas de álcool e açúcar interessadas em formar parcerias para instalar pequenas centrais termelétricas que utilizarão o bagaço da cana como combustível. O objetivo da Companhia é participar majoritariamente de empreendimentos que somem, no conjunto, até 120 megawatts de potência instalada – o equivalente a metade da potência da Usina Capivari-Cachoeira.
Com objetivo de dar oportunidade ao maior número possível de interessados, a Copel procurou ser bastante flexível nas especificações estabelecidas na sua Chamada Pública, tanto na dimensão dos projetos que poderão ser avaliados, quanto na formatação societária das parcerias. Serão admitidas para avaliação propostas de termelétricas com potência instalada entre 5 e 30 MW, sendo que de cada empreendimento resultará a constituição de uma sociedade de propósito específico, com personalidade jurídica própria e participação majoritária da Copel.
PRIMEIRA – Esta é a primeira investida da Copel, visando ao aproveitamento de resíduos de biomassa para a produção de eletricidade. “Recebemos do governador Roberto Requião a orientação de buscar maneiras sustentáveis de ampliar e diversificar a matriz energética paranaense”, observou Luiz Antonio Rossafa. “Sob esse enfoque, estamos modelando estratégias para expandir as disponibilidades de energia elétrica no Estado e, simultaneamente, contribuir para a manutenção do equilíbrio ambiental com o uso de alternativas limpas, naturais, renováveis e não agressivas ao ecossistema”.
Para marcar seu ingresso na área da geração de energia a partir da biomassa, a Copel optou por aproveitar os excedentes de bagaço de cana produzidos nas usinas sucroalcooleiras, um passivo ambiental crescente em razão do processamento de volumes cada vez maiores de cana. “As usinas consomem uma parcela muito pequena do bagaço que produzem para gerar a eletricidade e o vapor de água necessários ao próprio processo industrial”, detalhou o diretor de engenharia da Copel. “O volume excedente, que hoje não encontra serventia, é enorme e pode ser transformado em energia elétrica para ajudar a abastecer o mercado, e é nisso que estamos dispostos a investir”.
Segundo estimativas da Copel, os excedentes de bagaço de cana disponíveis no Paraná seriam suficientes para alimentar um conjunto de termelétricas com potência total de 600 MW – quase tanto quanto uma das 20 turbinas de Itaipu.