Os moradores da Vila das Torres, antiga área de ocupação irregular no Prado Velho, em Curitiba, estão compartilhando sua rotina com os eletricistas, técnicos e atendentes da Copel. Durante toda a semana, empregados especialmente mobilizados pela empresa irão atuar em contato direto com a população prestando atendimento, informações e esclarecimentos sobre os serviços de energia elétrica.
Ao mesmo tempo, equipes de manutenção de redes elétricas começaram a vistoriar todo o sistema de distribuição de energia da vila, promovendo a retirada de objetos estranhos na fiação e corrigindo anomalias, como postes fora de prumo, conexões desgastadas, fios mal tensionados e transformadores sobrecarregados. “A Copel permanecerá com todo o seu efetivo técnico disponível na Vila das Torres, enquanto houver trabalho a fazer ou consumidor a atender”, garantiu o diretor de distribuição Ronald Ravedutti, ao dar início às atividades programadas pela estatal.
Ao lado de secretarias e empresas da administração estadual de prestação de serviços, a Copel está integrada ao esforço determinado pelo governador Roberto Requião de levar à Vila das Torres, área carente da Capital, ações destinadas a promover a inclusão social e a valorização da cidadania de seus moradores, melhorando sua qualidade de vida.
Crianças – Nesta terça-feira (19) e na próxima segunda-feira (25), a Copel vai orientar as crianças que moram na Vila das Torres, indo até suas escolas. Instrutores especialmente treinados farão palestras e distribuirão material informativo a uma população estimada em 1,5 mil crianças, sobre os cuidados para prevenir acidentes com choque elétrico dentro de casa e formas de usar a energia com inteligência, evitando o desperdício. Nesta terça-feira, as palestras serão feitas no Colégio Manoel Ribas e, na próxima semana, no dia 25, no Colégio Hildebrando de Araújo.
Agência – Uma mini-agência, com computador conectado ao sistema da Copel, foi instalada junto à sede da Associação dos Moradores, servindo como base para as operações da estatal na região. No primeiro dia de funcionamento, foram atendidos mais de 300 consumidores – a maioria solicitando cadastramento para inclusão no programa Luz Fraterna, do Governo do Estado, que isenta do pagamento da conta de luz famílias de baixa renda com até 100 kWh mensais de consumo. O mesmo cadastro social vale para a tarifa social, implantada pelo Governo Federal, que oferece descontos no preço da energia que podem resultar numa redução de até 40% no valor final da conta.
Conforme registros da Copel, há, na Vila das Torres, 1.137 unidades consumidoras ligadas às redes elétricas. Do total, quase 30% já têm se beneficiado de um dos dois programas, cujo requisito básico é o cadastramento no programa Bolsa Família, do Governo Federal.
Desde cedo, o movimento foi grande na agência. Os moradores buscaram principalmente orientações sobre cadastramento para inclusão em programas sociais e parcelamento de contas vencidas, além de sugestões para reduzir o consumo de energia. Foi o caso, por exemplo, de Rita Castorino, 62 anos, uma dona-de-casa que mora há quase 20 anos na Vila e que foi à agência fazer o cadastro social. Ela mora com o marido, dois filhos e a mãe, bastante doente.
“O pessoal me disse que com a tarifa social, minha conta de luz pode ficar quase pela metade”, contou, satisfeita. “E, caprichando um pouco na atenção, posso entrar no Luz Fraterna e não pagar nada”. Com o dinheiro que já prevê economizar com o pagamento da luz, dona Rita pretende reforçar a despensa de casa e comprar os remédios de que sua mãe precisa.
Geladeira – A história de Valdecy Gonçalves Siqueira, 36 anos, não é muito diferente. Ele também foi providenciar o cadastramento para tentar reduzir a conta de luz, que gira em torno de 70 reais por mês atualmente. “Qualquer diminuição que a gente consiga é importante, pois necessidade de comprar outras coisas sempre existe”. Valdecy gostaria de se beneficiar do programa Luz Fraterna, mas acha que para reduzir seu consumo ao limite de 100 kWh mensais vai precisar trocar de geladeira, pois a que tem é velha, grande e de consumo elevado. “Talvez com a economia proporcionada pela tarifa social, que a Copel informou ser possível, eu consiga comprar uma mais nova”.
A exemplo de muitos moradores da Vila das Torres, Valdecy percorre a cidade coletando papel para reciclagem. Assim ele sustenta a mulher e dois filhos pequenos, “mantendo o nome limpo na praça, sem nenhuma conta em atraso”, como faz questão de declarar com orgulho. Efetivamente, a conta de luz que ele levou à agência da Copel, com vencimento em 10 de abril, foi paga em 31 de março.