A Copel apresentou lucro líquido de R$ 297,7 milhões nos primeiros nove meses do ano, segundo o balancete encerrado em 30 de setembro e divulgado ao mercado na sexta-feira (12). Considerando apenas o terceiro trimestre de 2004, o lucro líquido chegou a R$ 125 milhões. Os resultados atenderam às expectativas da diretoria da empresa.
Segundo o presidente Paulo Pimentel, o saldo positivo divulgado pela Copel “tem a marca do caráter e da firmeza de princípios do governador Roberto Requião, que, defendendo o interesse público, denunciou e suspendeu o pagamento de compromissos lesivos à saúde da estatal herdados da gestão anterior”. Para Pimentel, “não fosse a intervenção decidida de Requião, em lugar do balancete lucrativo de uma empresa pública enxuta, prestativa, sólida e socialmente comprometida, o povo do Paraná estaria conhecendo agora mais um relato amargo de dívidas e prejuízos de uma empresa insolvente”.
Evidência disso, analisou o presidente, é o provisionamento de R$ 390,5 milhões para o pagamento das faturas de gás natural destinado à Usina de Araucária – R$ 176,1 milhões só neste ano. “Apesar dessa usina não haver consumido até hoje um só metro cúbico de gás, pois ela jamais funcionou, a Copel recebe todo mês a conta pelo seu uso”, explicou Pimentel. “Suspendemos o pagamento dessas faturas, pois não há como justificar que o dinheiro público seja destinado a pagar algo que não foi usado, mas já reservamos esses valores na nossa contabilidade enquanto o governador negocia uma solução para o caso com a ministra Dilma Rousseff, das Minas e Energia”.
Lucro operacional – Os resultados apresentados ao mercado pela Copel informam que a receita operacional líquida acumulada no ano atingiu R$ 2,73 bilhões e foi 27% maior que nos nove primeiros meses de 2003. Só no terceiro trimestre, a receita chegou a R$ 984,8 milhões. Já o lucro operacional (receitas da venda de eletricidade menos as despesas operacionais) finalizou o período em R$ 469 milhões, sendo R$ 196,3 milhões apenas no terceiro trimestre.
O mercado consumidor de energia elétrica atendido pela empresa (o equivalente a cerca de 98% do mercado total do Paraná) cresceu 1,8% comparativamente ao acumulado de janeiro a setembro do ano passado, totalizando 13.229 GWh (gigawatts-horas). O maior crescimento percentual foi registrado na classe comercial (6,1%), seguido dos segmentos rural (5,9%) e residencial (1,9%). O consumo industrial, informa a Copel, decresceu 1% no comparativo em razão da saída de alguns consumidores livres que integravam a base de cálculo no ano que passou. Excetuados tais casos, a indústria paranaense apresenta expressivos 8,8% de crescimento no consumo e o mercado consumidor total da Copel, 5,7%.
O número de ligações atendidas pela Companhia cresceu 2,8%, totalizando em setembro 3.157.334 consumidores.
Descontos – A política de descontos nas tarifas elétricas em troca da pontualidade no pagamento pelo consumidor resultou numa redução à metade dos níveis de inadimplência da Copel.
Em junho de 2003, a Companhia concentrava R$ 187 milhões em contas de luz vencidas há mais de 15 dias e ainda não pagas, ou o correspondente a 5,4% do seu faturamento anual. Com a instituição do mecanismo de descontos, o total de contas em atraso caiu para R$ 119 milhões ao final de setembro, ou o equivalente a 2,7% do faturamento anual.
Nos nove primeiros meses deste ano, o programa de investimentos da Copel totalizou R$ 193,1 milhões: a maior parte (R$ 117,6 milhões) foi destinada à área de distribuição, vindo a seguir os setores de transmissão (R$ 39,5 milhões), telecomunicações (27,2 milhões) e geração (R$ 8,8 milhões).
O endividamento total da Companhia, de R$ 1,8 bilhão, é composto por R$ 828 milhões de compromissos em moeda estrangeira e R$ 980 milhões em moeda nacional. Como comparação, a dívida total da Copel à época da posse da atual administração era de R$ 2,2 bilhões, sendo praticamente equivalentes os valores dos compromissos em moeda nacional e estrangeira.