A partir de 1º de fevereiro o desconto concedido pela Copel para contas de luz pagas em dia será, em média, de 8,2%. A redução do percentual de desconto, que por 6 meses neutralizou integralmente os efeitos do índice de 14,43% homologado pela Aneel em 24 de junho de 2004, vai ser necessária devido a vários fatores, como por exemplo o impacto da elevação de custos de encargos intra-setoriais como a Conta de Desenvolvimento Energético. Além disso, há despesas operacionais como a compra da energia produzida pela Itaipu, cuja tarifa teve um reajuste de 7,6% no seu valor em dólar a partir de janeiro.
Outro fator que pesou na decisão de reduzir o desconto tarifário praticado pela Copel foi a obrigatoriedade de sua adesão ao sistema centralizado de comercialização de energia. A medida, objeto de questionamento judicial pelo Governo do Paraná, resultou na perda da flexibilidade que a Copel tinha ao usar energia própria no atendimento dos consumidores e considerar na composição de custos tarifas mais módicas e adequadas ao interesse da população.
Na verdade, a energia produzida nas usinas da Copel, que era integralmente repassada para consumo do mercado atendido por ela própria, passa a ser vendida para 35 empresas de todo o país. Por essa razão, a Copel ainda passa a ter de conviver com um risco até agora inexistente, que é o da inadimplência do comprador da energia.
Mais barata - Mesmo com a redução do desconto, os paranaenses continuarão usufruindo de uma das menores tarifas de eletricidade no Brasil. Entre as distribuidoras com tarifas menores que as da Copel não existe nenhuma com estrutura de custos semelhante à dela ou com abrangência de atendimento comparável. São empresas que não têm o ônus de absorver a energia da Itaipu, cujo valor é referenciado ao dólar e sujeito às variações do câmbio, e que operam sistemas elétricos muito menores que o da Copel, com custos de manutenção igualmente menores também.
Apenas para que se tenha idéia, só a malha formada pelas linhas e redes de distribuição instaladas pela Copel no Estado totaliza mais de 165,5 mil km de extensão, o suficiente para completar quatro voltas em redor do planeta pela linha do Equador. O custo para que se dê manutenção e cuidado a essas instalações não é baixo. Assim, não seria correto comparar as tarifas da Copel com as de empresas que atuam em regiões restritas porque há evidente diferença de custos. Mas, se a comparação se der com empresas de porte equivalente e abrangência semelhante, as tarifas praticadas pela Copel seguem como as menores do Brasil.
Estímulo - A política de descontos determinada pelo Governo do Paraná sobre as tarifas da Copel vai ser mantida. Ela é instrumento de estímulo às atividades econômicas e à geração de empregos, além de ser um mecanismo eficaz para a preservação do poder de compra da população. No entanto, o percentual deve ser reduzido para que o equilíbrio econômico-financeiro da Copel não seja comprometido.
Continuará a ser concedido um desconto médio da ordem de 8,2% para os consumidores que pagam em dia a sua conta de luz. E as tarifas da Copel continuarão posicionadas em níveis inferiores até mesmo aos sugeridos pela própria Aneel num estudo que buscou avaliar e quantificar os efeitos benéficos do leilão de energia velha sobre os preços por ela homologados.
De acordo com essa simulação da Aneel, a tarifa da Copel poderia ser 3,25% mais baixa que as autorizadas para cobrança a partir de 24 de junho de 2004. Mas, por causa dos descontos determinados pelo Governo do Paraná, há muito tempo a tarifa da Copel tem ficado bem abaixo disso.
Paralelamente, a empresa programou investir neste ano R$ 490 milhões em obras de expansão, melhoria e manutenção do sistema elétrico paranaense que não podem ser adiadas, sob pena de prejudicar a qualidade dos serviços prestados ao público.