Copel em alerta para o aumento da demanda após jogos do Brasil

Cada minuto depois da partida o aumento do consumo será o equivalente ao de uma cidade de 100 mil pessoas ao sistema elétrico paranaense
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10/06/2006 - 06:00
Editoria
Os operadores do sistema elétrico interligado nacional estão concentrados para enfrentar um fenômeno que se repete a cada atuação da Seleção Brasileira em Copas do Mundo: o declínio acentuado da demanda por energia antes e durante a realização da partida e seu súbito e acelerado crescimento a partir do apito final. O Operador Nacional do Sistema (ONS) estima que nos nove minutos seguintes ao fim do jogo, a população demande o equivalente à carga de uma cidade do porte de Brasília por cada minuto. Para o sistema elétrico da Copel, o efeito vai se traduzir no acréscimo de uma cidade de 100 mil habitantes a cada minuto, durante um período de 40 minutos. “Nossa previsão é que a demanda no Paraná salte de 2.400 megawatts, às 17h45, para 3.400 megawatts às 18h25”, informa Ana Rita Xavier Haj Mussi, gerente do Centro de Operação do Sistema da estatal. “Isso significa que o ritmo de crescimento da carga, em conseqüência do jogo, será três vezes maior se comparado a um dia normal”. As estimativas tomaram por base o comportamento da curva de demanda registrada nos dias de jogos da Seleção na Copa de 1998, disputada na França, onde o fuso horário é o mesmo da Alemanha. Medidas - Para que o sistema elétrico responda adequadamente a essa curva atípica de carga com variações extremas e tão rápidas, diversas medidas estão sendo tomadas. “Não estamos programando intervenções para manutenção em linhas, subestações ou usinas nos dias de jogos do Brasil e teremos equipes de prontidão nas nossas principais instalações para a rápida solução de qualquer problema que eventualmente aconteça”, diz Ana Rita. Nesta Copa, em especial, o cuidado dos técnicos responsáveis por comandar a operação do sistema elétrico está sendo redobrado em razão da tabela de jogos do Brasil. Em duas ocasiões na primeira fase, a Seleção jogará em dias úteis (13, terça e 22, quinta), às 16 horas. O término dessas partidas coincidirá com o horário da ponta natural da demanda, quando as lâmpadas da iluminação pública se acendem e o uso de eletricidade nas residências se intensifica. “Estaremos atentos a tudo durante todo o tempo para que os paranaenses, no que depender do desempenho do sistema elétrico operado pela Copel, acompanhem com absoluta tranqüilidade os jogos do Brasil na Copa”, garante a gerente do Centro de Operação da empresa. O jogo do dia 18, um domingo, começa às 13h30 e terminará com o dia ainda claro, amenizando o impacto sobre o sistema. Padrão - A cada participação do Brasil numa Copa do Mundo a história se repete. O consumo de energia começa a diminuir sensivelmente duas horas antes de começar a partida, cresce durante os 15 minutos de intervalo, volta a cair no segundo tempo e dispara tão logo ela termina. Isso acontece em razão da padronização do comportamento e uniformidade de atitudes da população: conforme se aproxima a hora do jogo, os escritórios, indústrias, comércio e demais atividades suspendem ou antecipam o término de seus trabalhos, o que leva os patamares da demanda por energia elétrica a níveis semelhantes aos da madrugada – a chamada carga leve. Concentradas no desenrolar da partida, as pessoas adiam para os minutos de intervalo ou deixam para depois de encerrado o jogo qualquer outra tarefa ou atividade, e o que se nota pela curva de demanda por potência é que todos – ou quase todos – agem dessa mesma maneira. Durante o intervalo, há um razoável crescimento nos níveis de consumo mas nada que se compare, no entanto, ao que vai acontecer depois. Em questão de minutos, a demanda – que era parecida com a da madrugada – dispara e sobe a patamares compatíveis com o horário de ponta, exigindo de forma repentina e instantânea que uma quantidade enorme de potência esteja disponível e pronta para satisfazer o consumo. “É algo parecido com acelerar um carro”, compara Ana Rita. “Em situações normais, o sistema elétrico sai de 50 km/hora e tem que chegar a 80 em pouco mais de meia hora; quando o Brasil jogar, ele terá de sair de 10 km/hora e chegar a 80 em menos de dez minutos”.

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