“Copel: do desastre à pujança”

Leia artigo do deputado Waldyr Pugliesi, presidente estadual e líder do PMDB na Assembleia Legislativa, sobre os números alcançados na gestão pública da Companhia Paranaense de Energia Elétrica
Publicação
20/04/2009 - 17:30
Editoria
Copel: do desastre à pujança (*) Waldyr Pugliesi Refrescar a memória é sempre algo saudável e estimulante. Vamos lembrar o caso da Copel. O governo neoliberal de Jaime Lerner, campeão das privatizações, tentou também vender a Companhia Paranaense de Energia Elétrica. Enviou, com esse propósito, um projeto de lei à Assembléia Legislativa. Diante da indignação da população, o então governador não hesitou em fazer da Casa do Povo uma praça de guerra cercada por soldados e cães em todos os lados. Lembro que na ocasião eu era o líder das Oposições na Assembleia e fui convidado pela imprensa para escrever um artigo explicando os motivos para o Estado não vender a Copel. A minha avaliação foi publicada na edição de 14 de agosto de 2001, em contraponto a defesa favorável à venda, assinada pelo deputado Durval Amaral, então líder do Governo naquela ocasião. Neste mesmo dia os deputados da base do governo aprovaram o projeto que autorizava a venda da estatal, que só não ocorreu graças a movimentação da sociedade. Os protestos da oposição, dos estudantes, trabalhadores e da maioria da população foram fantásticos e impediram aquilo que seria uma tragédia para a economia do nosso Estado. No artigo, intitulado “O povo não pode ser esbofeteado”, justifiquei que o Paraná não poderia vender a Copel, pois a mesma era competente, competitiva, altamente lucrativa e estratégica. Os números mostram que a privatização sequer deveria ter sido cogitada. Agora, depois de todos estes anos cabe uma pergunta: tudo aquilo que aconteceu foi em nome do quê, afinal? No último ano do governo anterior, a Copel registrou o maior prejuízo de sua história: R$ 320 milhões, com dívidas de R$ 2,2 bilhões. Lerner e aliados apregoavam a convicção de que a privatização era necessária para sanear a empresa e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. Sete anos depois, está mais do que comprovada a falsidade dessa idéia. O governador Roberto Requião assumiu em janeiro de 2003 e a privatização foi anulada. A Copel permaneceu pública e em todos os últimos seis anos registrou lucros. A qualidade dos serviços oferecidos melhorou consideravelmente. Não é óbvio que a privatização era um negócio danoso? O lucro líquido da Copel em 2008 foi de R$ 1.079 bilhão. As dívidas somam apenas R$ 290 milhões, a vencer em 12 meses. Assim, a Copel não depende dos bancos para pagar seus débitos e continuar a crescer. Os lucros acumulados desde 2003 atingem R$ 4,47 bilhões. Esse quadro confere à Copel uma situação invejável e destacada entre as empresas brasileiras do ramo. No entanto, sempre há os que torcem o nariz. Como o lucro em 2008 foi ligeiramente inferior ao de 2007 e 2006, muitos insinuaram a existência de uma crise. Vale lembrar que estes que agora criticam, são os mesmos que se calaram diante da situação calamitosa da empresa em 2002. Há motivos poderosos para essa pequena diminuição dos lucros, como a desvalorização do real ante o dólar, que atingiu todas as empresas que compram energia de Itaipu. Está prevista, porém, uma compensação dessa perda pela Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica. A Copel foi salva do desastre e os paranaenses puderam manter sua empresa pública por obra e graça de uma política de priorização incondicional do público em face do privado, do interesse da maioria frente a uma pequena elite, do desenvolvimento real contra as negociatas. É isso, e só isso. (*) Waldyr Pugliesi é deputado estadual, líder do PMDB na Assembléia Legislativa e presidente do Diretório Estadual do PMDB (www.waldyrpygliesi.com.br – e-mail waldyr@waldyrpugliesi.com.br)