A biomassa é realidade, o carvão mineral representa a maior reserva de energia para o futuro e o gás boliviano não vai deixar de abastecer usinas e indústrias brasileiras. Não são profecias, mas respostas às questões energéticas atuais, alinhadas pelo secretário de Energia de São Paulo, Mauro Arce.
Ele abriu na noite de domingo (7) o Seminário de Tecnologias Energéticas do Futuro, evento promovido pela Copel em parceria com a Federação das Indústrias do Paraná, que tem o seu encerramento nesta terça-feira no Centro de Convenções do Cietep, em Curitiba.
O objetivo do encontro é colocar para discussão da sociedade a necessidade de começar a pensar em substitutos para o petróleo, um recurso finito e cuja disponibilidade rapidamente se aproxima do esgotamento.
Da abertura do evento participaram os presidentes da Copel, Rubens Ghilardi e da FIEP, Rodrigo da Rocha Loures, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
A programação dando oportunidade a palestras e debates sobre energia solar, nuclear, eólica, do hidrogênio e aproveitamento da biomassa, avaliadas levando-se em conta aspectos como sustentabilidade, racionalidade, competitividade, flexibilidade, eficácia e disponibilidade.
Carvão - Para Mauro Arce, no carvão e no hidrogênio estão as principais fontes a serem usadas em larga escala no Brasil. “O país não tem muitas reservas mas, no mundo, é o carvão a fonte preferencial para utilização futura e o desafio vai ser como utilizá-lo de forma mais limpa”. Já o hidrogênio, aproveitado em células a combustível onde, por reação química, é combinado com o oxigênio para daí resultar eletricidade e vapor d´água, também terá participação fundamental na matriz energética.
Investir em novas tecnologias, aumentar os programas de eficientização e conservação de energia também são apontadas como ações essenciais para as crises do futuro. “Não sei o que vai acabar antes, o petróleo ou a água”, argumentou Arce. “Só sei que vamos precisar economizar e usar as fontes com muito mais racionalidade”.
Gás natural - Na palestra de abertura do seminário, Arce abordou a conjuntura energética brasileira e disse considerar “remotas” as possibilidades de a Bolívia suspender ou cancelar o fornecimento de gás natural ao Brasil como conseqüência do recente decreto que nacionalizou as jazidas e reservas bolivianas. “O Brasil compra mais da metade do gás comercializado pelo país vizinho”, informou o secretário. “Se nós dependemos deles por não termos planejado o uso ou flexibilizado as fontes de suprimento, eles têm conosco dependência comercial porque precisam vender, ou seja, estamos casados com eles e a pressão pelo aumento de preço vai existir”.
Sobre uma aventada possibilidade de a Bolívia passar a vender o seu gás para a China, o secretário paulista de energia acha que a hipótese é viável, mas não já. Na sua avaliação, pode demorar de 4 a 5 anos até que toda a logística de transporte esteja equacionada. “O Brasil é o mercado preferencial e imediato da Bolívia pela proximidade e pela estrutura já construída”.
Consumo crescente - Segundo as estatísticas oficiais dos organismos de energia, o consumo brasileiro de gás natural vem crescendo de forma acelerada e o volume atualmente demandado, de 75 milhões de metros cúbicos, deve saltar para cerca de 115 milhões até 2020, praticamente dobrando a participação na matriz energética de 8% para 15% – considerando a entrada de novas fontes e o crescimento proporcional de outras como a biomassa.
Uma contribuição mais expressiva da produção nacional ao crescimento do uso do gás só é esperada para quando as recentes jazidas descobertas nas bacias de Santos e do Espírito Santo iniciarem produção comercial, adicionando à oferta 15 milhões de metros cúbicos diários de gás e reduzindo a dependência do produto boliviano.