A Copel formalizou nesta segunda-feira (14) a compra da integralidade da participação da Sanedo, no capital social da Dominó Holdings, empresa que detém 34,7% das ações da Sanepar, por R$ 110,226 milhões. Com a operação, a Copel passou a ter 45% de participação na Dominó, somando à parcela de 15%, que já possuía desde junho de 1998, os 30% correspondentes à parte da Sanedo.
O negócio foi fechado depois que as duas outras sócias na Dominó – a Andrade Gutierrez Concessões e a Daleth Participações, cada uma proprietária de 27,5% do capital da empresa – declinaram do direito que tinham de também adquirir as ações de propriedade da Sanedo.
O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, afirmou que a estatal realizou “um ótimo negócio”, tanto sob o foco empresarial quanto sob o aspecto do interesse público. “A transação se deu por valores inferiores às nossas análises, que consideraram o valor de mercado das ações e o fluxo de caixa descontado, indicando taxa de retorno de 9,5%, bastante adequada comparativamente aos investimentos que fazemos em energia”, disse o presidente. “Além disso, agora teremos, dentro da Dominó, direito de voz e de veto, algo que nunca tivemos antes por força do seu acordo de acionistas”.
Para Ghilardi, com esses poderes a Copel e o Estado do Paraná terão condições efetivas de interferir na gestão administrativa e financeira da Sanepar, “defendendo o interesse do cidadão e fazendo com que a empresa de água e saneamento volte a servir primordialmente ao bem-estar e à qualidade de vida da população”.
O contrato de transação das ações foi assinado, pela Copel, por Rubens Ghilardi, Paulo Roberto Trompczynski (diretor de finanças e de relações com investidores) e Zuudi Sakakihara (diretor jurídico). Pela Sanedo, assinaram os diretores Marlik Bentabet e Régis Daniel Hahn.
RETOMADA – A Dominó Holdings é um consórcio de empresas que detém 34,7% do capital votante da Sanepar e que, a partir de agora, é integrado pela Copel (com 45% das ações), Andrade Gutierrez e Daleth (cada qual com 27,5%). Por força de acordo de acionistas, firmado pela Sanepar com a Dominó – cuja validade vem sendo judicialmente contestada pelo governador Roberto Requião – o Estado do Paraná deixou de ter pleno controle sobre a sua empresa de água e saneamento.
E conforme o pacto de acionistas da Dominó, mesmo participando originalmente com 15% do capital do consórcio a Copel não tinha nenhum direito ou poder. “Não tínhamos voz nem voto nas decisões estratégicas que eram tomadas na Dominó com relação à Sanepar”, explicou o diretor de finanças, Paulo Roberto Trompcynski. “Mas a partir de agora, aumentando nossa parcela para 45%, na prática estamos abrindo caminho para que a sociedade paranaense retome o controle da empresa”.
CÂMBIO – Trompczynski também esclareceu que a recente queda na cotação internacional do euro barateou a compra pela Copel das ações de titularidade da Sanedo. “Nossa oferta para a aquisição das ações da Sanedo mais a sua parte no caixa da Dominó Holding, de 42,495 milhões de euros, seria convertida em reais no dia da formalização da operação”, detalhou. “Pois esse montante representava R$ 113,449 milhões, na data em que recebemos a oferta da Sanedo e R$ 111, 894 milhões na ocasião em que apresentamos a ela nossa proposta, no fim de outubro, mas, por conta da diferença cambial, economizamos R$ 3,2 milhões em relação à data da oferta pela Sanedo e R$ 1,6 milhão em relação à data da proposta firme”.
O valor que a Copel pagou pela participação da Sanedo na Dominó Holdings foi avaliado e auditado interna e externamente pela estatal, que o considerou “viável e vantajoso”. Segundo o diretor financeiro, se os valores de compra tivessem por base o valor de mercado das ações da Sanepar, o desembolso teria sido de R$ 17 milhões a mais. “Isso quer dizer que compramos as ações da Sanepar por valores inferiores aos de mercado e, considerando o patrimônio líquido da Dominó, adquirimos a parte da Sanedo com deságio de praticamente 40%”.