Copel ajuda a salvar da extinção maior espécie de peixe do rio Iguaçu

Empresa lança 100 mil alevinos de surubim para repovoar lago de Salto Caxias
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14/02/2004 - 00:00
Editoria
Cem mil alevinos de “surubim do iguaçu”, peixe de maior porte do principal rio paranaense e que está sendo salvo do risco iminente de extinção pela Copel, foram soltos há poucos dias pela empresa no reservatório da Usina de Salto Caxias. Trata-se do primeiro peixamento com surubim realizada naquele lago, formado há 5 anos entre as regiões oeste e sudoeste do Paraná, e encerra uma singularidade que o torna muito especial: foi em 1995, no trecho de rio onde começava a ser construída a Usina de Salto Caxias, que a Copel conseguiu coletar para início de estudos 59 exemplares da espécie (cientificamente chamada Steindachneridion sp.) que é endêmica – ou seja, só é encontrada nos trechos do Médio e Baixo Iguaçu. Durante cerca de um ano, técnicos da Estação de Estudos Ictiológicos da Copel instalada localizada na Usina de Segredo dedicaram-se a estudar os hábitos e o ciclo biológico da espécie, totalmente desconhecidos porque, além de rara, a espécie só começou a existir perante a ciência em 1991, quando ela foi devidamente descrita e registrada. “Tivemos de começar do zero”, informa o biólogo Luiz Augusto Ludwig, que coordenou as pesquisas. “Antes de qualquer coisa foi preciso saber, por exemplo, o que comia o surubim e quanto tempo em média ele vivia”, relata. Chance à vida - Utilizando técnicas próprias de hipofisação para a reprodução da espécie, os biólogos da Copel conseguem obter 100 mil alevinos por ano para repovoar os lagos no rio Iguaçu. Num exercício de comparação, é possível dizer que o trabalho da empresa aumenta em dez vezes as chances de sobrevivência da espécie: obtidos em laboratório para posterior soltura, 10 em cada 100 alevinos têm possibilidade de chegar aos 3 anos, idade em que atinge a fase de reprodução. Já em condição de liberdade, reproduzindo-se naturalmente no meio ambiente, só 1% dos alevinos conseguem atingir aquela idade. A Copel vem promovendo há alguns anos o repovoamento com o surubim do Iguaçu nos reservatórios das usinas de Segredo, Salto Santiago e Salto Osório. “O surubim não ocorre no trecho onde opera a Usina Foz do Areia, e por isso ela ficou de fora”, explica Ludwig. “E em Salto Caxias, onde foram coletados os exemplares que deram origem a todo o trabalho, primeiro aguardamos a conclusão de todos os estudos ambientais de dimensionamento da fauna nativa para iniciar a ação de repovoamento”. “Mico-leão do Iguaçu” - De tão raro, o surubim do Iguaçu, parente menor do surubim do Pantanal Matogrossense, foi definido carinhosamente pelos pesquisadores da Copel como o “mico-leão dourado do rio Iguaçu”. Espécie de difícil captura, chega a atingir cerca de 1 metro de comprimento e pesar entre 10 e 15 quilos. Os alevinos liberados no lago de Salto Caxias, com peso médio de 15 gramas, deverão estar pesando perto de 1 quilo dentro de um ano. Graças à consciência ecológica e ao comprometimento da Copel com o meio ambiente, o surubim do Iguaçu já conseguiu melhorar sua posição na lista crítica do Ibama, deixando de figurar entre as espécies consideradas “sob risco iminente de extinção” para integrar a categoria das “ameaçadas de extinção”. “Ainda não é o estágio ideal nem aquele pretendido pela Copel para a espécie”, ressalva o biólogo Ludwig, “mas o surubim do Iguaçu já está trilhando com vigor um caminho oposto ao do seu desaparecimento”.