A ação do homem sobre a natureza e, em decorrência disso, impactos cada vez mais graves sobre a saúde humana, o clima e os ecossistemas do Paraná foram foco das discussões, neste sábado (03), em Curitiba da 1ª Conferência de Saúde Ambiental.
O tema central da Conferência é “Saúde Ambiental na Cidade, no Campo e na Floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis”. Em pauta discussões como o uso excessivo de agrotóxicos, qualidade da água e estratégias em saúde ambiental apontadas pela população das zonas rurais e urbanas.
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, participou da abertura do evento, que reuniu cerca de 200 pessoas, entre representantes dos poder público municipal e estadual e sociedade civil organizada de Curitiba, Região Metropolitana (RMC) e Litoral.
“O objetivo da Conferência Regional é debater localmente as prioridades e propostas para uma política de saúde ambiental integrada. Encontrar o equilíbrio hoje é necessário. A saúde natural está diretamente ligada a harmonia com a natureza que - como indicador biológico – tem nos comprovado esta necessidade através de enchentes, aumentos de temperatura e proliferação de doenças”, afirmou o secretário Rasca Rodrigues. Segundo ele, as Conferências Regionais têm sido fundamentais para identificar experiências positivas sobre saúde e meio ambiente e que estão sendo feitas localmente.
Entre as autoridades presentes, o superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro; diretor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Roberto Gava, o superintendente da Secretaria de Saúde, José Lúcio dos Santos e o chefe do núcleo regional da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Eduardo Dornellas.
DIRETRIZES - Já foram realizadas oito conferências nos municípios de Ponta Grossa, Cascavel, Francisco Beltrão, Cornélio Procópio, Londrina, Maringá e Umuarama. Cada uma das regiões apresentou, em média, dez diretrizes e duas ações que devem ser implementadas com o foco da saúde ambiental. Além disso, cerca de 30 moções por região têm sido apresentadas.
A última conferência regional será realizada, neste dia 6, em Guarapuava. Já a Conferência Nacional, será realizada em Brasília, entre 15 e 18 de dezembro e contará com a participação de delegados paranaenses que levarão as diretrizes das conferencias estaduais.
A representante do Ministério da Saúde, Simone Sabbag, elogiou a forma com que o Paraná vem promovendo suas Conferencias Regionais. “O Paraná tem trabalhado com muita presteza e alcançado os objetivos propostos pelo Ministério que é definir diretrizes para uma política de saúde ambiental, com a participação social”, destacou Simone.
SAÚDE x MEIO AMBIENTE – Um dos principais pontos levantados durante a conferência em Curitiba foi o acesso ao saneamento básico nos municípios que integram a Região Metropolitana de Curitiba. A deputada estadual Rosane Ferreira apresentou os índices de saneamento na RMC e destacou que, apesar do aumento nos investimentos realizados pelo governo Requião, ainda existe muito a ser feito.
Já a médica epidemiologista, Emelinda Trindade, que atua na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária e Instituto do Coração da Universidade de São Paulo, acredita que debater a saúde e o meio ambiente como um só tema pode trazer benefícios a curto, médio e longo prazo para o Brasil.
“Internacionalmente existe uma diferença nos investimentos feitos em meio ambiente e saúde. Em especial na área de saneamento urbano. Isso traz mais impactos à saúde e reduz os investimentos necessários à atenção e a prevenção”, destacou. Para ela, todos os esforços para melhorar as condições de habitação e degradação ambiental terão impactos na saúde humana. “Uma prova disso são as grandes infestações como a dengue e malária. Ou seja, não tem como a nossa civilização sobreviver se não houver esta abordagem única de saúde e meio ambiente”, reforçou.
A especialista em clima e coordenadora do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas, Manyu Chang, concorda com a médica epidemiologista. “Na região urbana, com os aumentos de temperatura, enchentes, ou alta pluviosidade, aumentam também os casos de doenças. Precisamos implementar medidas preventivas, relacionadas com a redução dos gases de efeito estufa que contribuem para as variações do clima”, relatou.
A Conferência de Saúde Ambiental foi dividida em três eixos temáticos: “Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental no campo, na cidade e na floresta”, “Trabalho, ambiente e saúde: desafios dos processos de produção e consumo nos territórios” e “Democracia, educação, saúde e ambiente: políticas para construção de territórios sustentáveis”.
As conclusões da etapa regional serão levadas à plenária estadual, que no Paraná acontece em Faxinal do Céu, e, posteriormente, a Brasília.
Conferência de Saúde Ambiental reúne 200 pessoas e aponta diretrizes
Durante o encontro, representantes da capital, região metropolitana e litoral propuseram dez diretrizes de atuação para a política de saúde ambiental.
Publicação
04/10/2009 - 12:55
04/10/2009 - 12:55
Editoria