Conab anuncia compra de feijão no Paraná para equilibrar mercado

A Conab vai comprar até 250 sacas de feijão por produtor, mas vai exigir atestado de origem, para evitar ação de atravessadores
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24/02/2010 - 13:00
Editoria

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A Conab-PR (Companhia Nacional de Abastecimento) anunciou intervenção no mercado paranaense de feijão, para evitar a queda nos preços do produto. A empresa vai comprar até 250 sacas de 60 quilos por produtor, para formação de estoques reguladores. “Com isso, a expectativa é que haja reação nos preços do produto pagos no curto prazo”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini.
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), a primeira safra de feijão 2010 está em média 13% maior em relação à colhida no mesmo período do ano passado, e a preocupação é organizar o escoamento dessa produção para evitar prejuízos ao produtor neste período de pico de oferta.
As normas para intervenção no mercado foram discutidas nesta quarta-feira (24), na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em Curitiba. A reunião foi conduzida por Bianchini e o superintendente da Conab no Paraná, Lafaete Jacomel, com dirigentes da Codapar, da Emater, Deagro e do Deral. Foram definidos os procedimentos que serão seguidos no Paraná para as compras de feijão. Os pagamentos ao produtor deverão iniciar a partir de 10 de março.
COMPROVAÇÃO – Desta vez, a Conab exige a apresentação de documento, atestando que o feijão ofertado pelo produtor foi realmente cultivado em sua propriedade. “A medida visa evitar a ação de atravessadores, que depreciam o preço do feijão pago ao produtor e tentam receber mais da Conab”, justificou Jacomel.
Durante a reunião, o secretário Bianchini solicitou o envolvimento da Emater na organização dos produtores e emissão do documento. Bianchini também pedirá o apoio das cooperativas, sindicatos rurais patronais e de trabalhadores rurais para que acompanhem o processo e ajudem a organizar o produtor para correta emissão do documento, que também poderá ser atestado por essas instituições.
Bianchini explicou que a comprovação de origem é necessária para proteção do produtor. O documento vai atestar a correlação entre a produção obtida e a área plantada. Mesmo o feijão já entregue em armazéns credenciados precisa apresentar esse documento para ser transformado em AGF – Aquisições do Governo Federal – pela Conab. “É uma forma de filtrar as compras em benefício do produtor paranaense”, explicou o secretário.
COMEÇO – Segundo Jacomel, os produtores que querem vender seu feijão para a Conab já podem procurar a Emater, sindicatos rurais ou cooperativas para se cadastrarem. A entrega do produto deve ser feita em armazéns cadastrados. Outra exigência é que o produto esteja seco, limpo e pronto para embalagem. Na reunião, ficou definido que a Codapar irá abrir mais espaços em armazéns para receber o feijão.
A produção de feijão da primeira safra atingiu 477 mil toneladas e, para a segunda safra, que já está plantada, a expectativa é colher mais 347 mil toneladas. Do ano passado ainda existem estoques. Com isso, o preço do produto já caiu abaixo do preço mínimo no Paraná. Atualmente o feijão de cor está sendo comercializado em torno de R$ 54,63 a saca, que corresponde a uma queda de 32% em relação ao preço mínimo fixado em R$ 80,00 a saca. O feijão de cor está sendo vendido pelo produtor por uma média de R$ 57,90 a saca, 28% abaixo do preço mínimo.
DOAÇÃO - Outras medidas já anunciadas pela Conab estão contribuindo para equilibrar o mercado de feijão e evitar a queda nos preços do produto pagos ao produtor. Entre elas está a compra de 75 mil toneladas de feijão, da safra 2009, que serão destinadas à doação no País. Deste total, 22 mil toneladas estão saindo do Paraná. Também estão sendo compradas mais 100 mil toneladas de feijão para doações internacionais, entre elas o Haiti.
Para Bianchini, essas duas medidas já provocam impacto no mercado. Ele acredita que, com as compras anunciadas nesta quarta-feira (24), haverá equilíbrio entre a oferta e a procura de feijão no curtíssimo prazo.
Bianchini disse ainda que estão sendo estudadas outras medidas para o escoamento da safra de feijão para evitar o desestimulo do produtor. Entre elas está o Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) que visa pagar um prêmio para retirar os estoques da zona de produção e levar para ser comercializada em outras regiões do País onde não há excedente de produção.

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