Comunidades serão capacitadas para o empreendedorismo

Conhecimento gerado nas universidades será oferecido às comunidades de forma integrada
Publicação
27/11/2008 - 18:31
O Programa Extensão Tecnológica Empresarial vai levar tecnologias inovadoras às comunidades mais pobres do Estado, que serão capacitadas para o empreendedorismo. Na opinião de Maria Nezilda Culti, professora de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) que coordena projeto voltado para a gestão da produção familiar de maracujá orgânico e de leite nos municípios de Poema, Peabiru e Quinta do Sol (Centro e Noroste do Estado), um dos méritos do programa é levar o conhecimento gerado nas universidades às comunidades de forma integrada e abrangente. A Associação dos Produtores Orgânicos da Região de Londrina (Apol) é uma das instituições beneficiadas pela Extensão Tecnológica Empresarial. O representante da entidade, Valdemir José Batista, explicou que a consultoria de uma equipe de professor, estudantes e recém-formados da Universidade Estadual de Londrina (UEL) será fundamental para a produção de biscoitos de soja orgânica. “Estamos pleiteando uma parceria com a Embrapa para a produção dos biscoitos, que ainda não existem no mercado. A intenção é usar a tecnologia da Embrapa e oferecer esse produto feito com matéria prima orgânica na merenda escolar”, afirmou Batista. Na Região Oeste do Estado, o projeto Sistemas de Gestão para Cooperativas será coordenado pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec). Segundo Márcio Rogério da Silva, gerente da incubadora da fundação, cerca de 500 pessoas serão treinadas com modernas técnicas de gestão da produção do leite. “Vamos ensinar como funcionam as novas normas para o setor, entre as quais a que prevê a melhoria de toda a cadeia de produção do leite”, explicou. Agricultores da Associação dos Amigos da Agricultura Ecológica, do Norte do Paraná, receberão treinamento para classificação, padronização e rotulagem. “Dentro de dois anos, serão entre cinco e seis toneladas de produtos com qualidade assegurada, entregues diretamente aos consumidores, sem passar por supermercados. A preços de hoje, seria o equivalente a US$ 300 mil dólares”, diz o engenheiro agrônomo Gumercindo Fernandes. Outros exemplos de projetos do Programa de Extensão Tecnológica Empresarial estão em Bandeirantes. Dezoito produtores de tomate receberão treinamento da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR) e assistência da Emater-PR para produzir tomate seco para a indústria regional. “Dependendo da época, o preço do tomate cai bastante; aí o tomate seco pode ser uma alternativa de renda para a comunidade”, afirma o presidente da Associação de Agricultores do Sistema Integrado Sustentável, Roberto de Morais. Neste caso, também participa como entidade proponente do programa a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP, campus de Bandeirantes). No Litoral do Estado, dois projetos do Programa de Extensão Tecnológica Empresarial já estão mexendo com a vida dos moradores, particularmente da Ilha do Mel. É que eles terão, sob supervisão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar), treinamento para produzir vestuário e acessórios a partir do couro do peixe. “Os moradores terão uma atividade e renda extras fora da temporada de verão”, explica o presidente da Associação de Moradores da Ilha do Mel, João Lino. Segundo ele, enquanto o quilo do peixe custa hoje entre R$ 3 e R$ 4, o quilo do couro do peixe alcança até R$ 700. “O mercado é garantido”, disse. Para a artesã Érica Prisco, o couro do peixe é muito maleável para trabalhar, em comparação ao couro do boi. “Quero aprender novas técnicas, mas também ensinar as mulheres de pescadores para que elas possam trabalhar também no inverno”, disse.