O presidente da Companhia de Habitação do Paraná, Rafael Greca, e uma comitiva italiana da Universidade de Ferrara, presidida pelo reitor Patrizio Bianchi, visitaram o maior projeto de regularização fundiária do país e exemplo para o mundo na salvação dos mananciais: o Guarituba, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Estudantes de Ruanda, Chile, Argentina, Índia e Brasil também participaram da visita.
O Guarituba vai receber R$ 91,7 milhões do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), já incluídas as contrapartidas do Estado e do município, beneficiando, no total, 12 mil famílias – 11.197 terão garantidas as posses de suas terras, e 803 famílias que moram em área de risco, em banhados à beira do Rio Iraí, serão realocadas para o próprio bairro, para casas construídas pela Cohapar.
O projeto é desenvolvido pelo governo do Estado, por intermédio da Cohapar, em parceria com diversos órgãos da administração estadual e da prefeitura do município.
“Fiquei impressionado com o que vi, porque este não é só um projeto de arquitetura e urbanismo, mas é um projeto que se ocupa profundamente com a estabilização social”, afirmou o Reitor Bianchi.
Ainda segundo Patrizio, o projeto de urbanização deve ser uma das partes de um grande programa de desenvolvimento social, ambiental, cultural e de promoção e desenvolvimento humano, como o que está sendo realizado no Guarituba. “Este trabalho de resgate humano e estabilização deve ser o objetivo de todas as intervenções”, afirmou.
O presidente da Cohapar, Rafael Greca, ressaltou a importância da troca de experiências entre Brasil e Itália. “Fico muito satisfeito que o projeto do Guarituba, depois de sair das pranchetas dos arquitetos, esteja ganhando o papel de uma grande sala de aula de urbanismo. Uma sala de aula global, com alunos de diversos países. Nós aprendemos com eles e eles aprenderam com a nossa experiência”, afirmou. “É muito bom que a gente veja essa obra que se está fazendo ainda, ser uma grande sala de aula porque o que não se compartilha se perde”, ensinou Greca.
Patrizio Bianchi também destacou que o Guarituba é um projeto completo, que deve servir de exemplo para o mundo. “O Guarituba ensina aos futuros urbanistas uma lição de humildade, principalmente por não ser um projeto fechado, um plano pronto, mas aberto às sugestões da população”, avaliou.
“O que mais me fascina é que este projeto não está sendo feito como uma imposição do Estado, e está respeitando o direito de morar das famílias. Ao mesmo tempo, não está criando uma relação de dependência da população com o governo, e respeita a liberdade e a evolução social das pessoas”, enfatizou o Reitor Patrizio Bianchi.
O professor Gianfranco Franz, diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Ferrara, ressaltou que o trabalho do governo do Paraná poderá servir de exemplo para outros países. “Este é um grande projeto e sua manutenção é muito positiva. Os estudantes que estão aqui são da Argentina, do Chile, entre outros países, onde existem problemas semelhantes. Este é um grande modelo, um grande ensinamento”, afirmou Franz.
Além de ressaltar a importância dos projetos de infra-estrutura e habitação, Gianfranco Franz elogiou a iniciativa do Governo de instalar no bairro o Telecentro Paranavegar, um local dotado de computadores, com acesso gratuito à internet e que oferece aos moradores cursos de capacitação profissional.
“Penso que, como é importante fazer ruas, fazer infra-estrutura, fazer casas, é muito importante fazer estrutura para a educação das crianças e dos jovens. Isso dá aos jovens a possibilidade de acesso às novas tecnologias, aos novos saberes. E, se estão em frente ao computador, estes jovens deixam de estar nas ruas”, ressaltou. “Este projeto é muito rico e é este modo de pensar que devemos levar como exemplo para casa”, afirmou o professor.
Para o diretor Administrativo Financeiro da Cohapar, Juarez Rossetim, a disseminação do projeto do Novo Guarituba junto à Universidade de Ferrara enaltece ainda mais o projeto coordenado pela Cohapar. “O fato de mostrar o Guarituba para alunos desta Universidade e de outros países, onde os conhecimentos serão difundidos para o mundo, mostra a vocação do Governo no sentido de preservar o meio ambiente, de estar em sintonia com a necessidade das pessoas, com habitação, saneamento”, disse. “A troca de experiência e conhecimento para uma Companhia que já é pujante, se unindo com outra instituição também pujante, seguramente, terá um retorno bastante positivo”, afirmou Rossetim.
INTERCÂMBIO – A arquiteta brasileira Fernanda Balotari Chiebao, mestranda na Universidade de Ferrara, avaliou o projeto apresentado por Rafael Greca. “É maravilhoso este trabalho desenvolvido pelo Governo. Eu tenho conhecimento do que é morar em uma favela, como é uma vida degradante. Então, mudar as pessoas para outro local onde elas passam a ter uma vida decente, de cidadão, é extremamente importante. O mínimo de saneamento básico como água e luz, é o que as famílias devem ter”, disse a arquiteta.
Patrícia afirmou ainda que é possível levar a experiência paranaense para outras cidades ou países como a Itália, mesmo que as realidades sejam diferentes. “A realidade na Itália é um pouco diferente. Não existem tantas pessoas com a realidade financeira como existem aqui no Brasil, que procuram alternativas como este tipo de moradia, mas é possível adaptar alguma coisa, mesmo que a realidade seja outra”, enfatizou. “Isso é uma forma melhorar a qualidade de vida, de resgatar um pouco do que sobrou dessas pessoas”, finalizou.
CONVÊNIO – Na quarta-feira (27), foi firmado um convênio de cooperação técnica para garantir a transferência de tecnologia nas áreas de habitação, saneamento, energia e meio ambiente entre o governo do Paraná e a Universidade de Ferrara, na Itália. O convênio foi assinado pelo presidente da Cohapar e o reitor e Patrizio Bianchi com a presença da representante da diretoria de Operações Tecnológicas da Lactec, Sandra Mara Alberti, e do diretor de Engenharia da Copel, Luiz Antônio Rossafa.
Comitiva da Itália diz que urbanização do Guarituba é exemplo para o mundo
“O Guarituba ensina aos futuros urbanistas uma lição de humildade, principalmente por não ser um projeto fechado, um plano pronto, mas aberto às sugestões da população”, avaliou o reitor Patrizio Bianchi
Publicação
29/08/2008 - 15:03
29/08/2008 - 15:03
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