Comissão inicia levantamento completo sobre o Hospital Militar

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Publicação
12/02/2003 - 00:00
Editoria
Uma comissão formada por oficiais da polícia militar e por técnicos da Secretaria Estadual da Administração (SEAD) iniciou, nesta quarta-feira,12, um levantamento completo e minucioso da situação do Hospital Militar. Todos os 422 funcionários (233 militares e 189 civis), além dos das empresas terceirizadas que prestam serviço para o hospital, passarão pelo recadastramento, que incluirá, por exemplo, a carga horária de cada funcionário, o salário de cada um, o turno e tempo de trabalho no hospital, se ele faz horas extras, quantos pacientes atende em média e quantos atendeu nas últimas semanas. O governo vai tomar medidas para moralizar e reorganizar o funcionamento no Hospital da Polícia Militar, antes da sua reabertura. O Hospital da PM vem funcionando de forma precária. Ainda assim, ele tem hoje 433 funcionários. Destes, por exemplo, estão a disposição do hospital, 104 soldados, desfalcando a Polícia, que já reclama da pequena quantidade do seu efetivo. A folha de pagamento do pessoal civil soma R$ 124.669,54 mensais. Já a folha do pessoal da PM à disposição é de R$ 914.900,41. Chama ainda atenção, os salários pagos aos oficiais médicos do hospital. Um coronel-médico, por exemplo, ganha perto de R$ 6 mil por mês, para um pequeno expediente de trabalho. O comando da PM deve examinar, ainda, a possibilidade da existência de funcionários fantasmas, que fazem parte do quadro do hospital e, ou não aparecem ou cumprem uma jornada reduzida em relação ao seu contrato de trabalho. Há uma semana, o governador Roberto Requião, em visita ao hospital, surpreendeu-se com a ausência de funcionários, tanto à tarde como à noite. Isso provocou duas medidas: o exame de todos os contratos de terceirização de serviços do Estado e a orientação para que a Polícia Militar tomasse medidas para moralizar e normalizar o funcionamento do hospital antes da sua reabertura. O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Nicolau, esteve ontem no hospital para explicar aos funcionários as razões para o “raio x” e ordenou que os oficiais iniciassem o levantamento imediatamente. Nicolau garantiu que o relatório, com as todas as informações, será entregue ao governador no prazo máximo de cinco dias. “Será uma investigação completa e irrestrita. O governador já anunciou que pretende reativar o hospital, mas antes quer saber da atual situação. Comprometi-me a entregar o relatório ao governador e ele tomará as medidas que achar necessárias”, disse Nicolau. Outra determinação do comandante da PM é que a comissão inclua em seu levantamento as empresas terceirizadas que fornecem motoristas e que prestam serviços de limpeza e higiene ao hospital. “O governador quer saber quanto o Estado paga às empresas e se é vantajoso financeiramente manter os contratos com elas”, explicou Nicolau. Esquecidos – O Hospital Militar começou a ser construído em 1953 pelo então governador Moisés Lupion. Desde então, o hospital vem sendo ampliado e modernizado com verbas do Estado e com as contribuições descontadas dos salários dos polícias militares do Paraná. Segundo o tenente-coronel Marco Polo, médico pediatra e diretor do Hospital Militar há cinco anos, a situação financeira do hospital começou a se agravar a partir de abril do ano passado, quando o governo anterior decidiu fechar o Instituto de Previdência do Estado (IPE) e criar o Sistema de Assistência à Saúde (SAS). Com a medida, o hospital, que tinha um orçamento de R$430 mil mensais, deixou de receber o repasse de R$ 300 mil (em média) pelos procedimentos médicos que prestava e foi obrigado a funcionar com pouco menos de R$ 130 mil por mês, que é o total da contribuição dos policiais militares, descontada em folha de pagamento. Por causa do corte de verbas, o número de atendimento do hospital caiu drasticamente. Antes do fim do IPE, a porcentagem de ocupação dos 120 leitos que o hospital dispõe chegava a 90%. Hoje, o nível de ocupação é de 10% a 20%. “O governo anterior simplesmente esqueceu do hospital. Perdemos os recursos do IPE e não recebemos nada do SAS. Foi um esquecimento administrativo imperdoável, porque não poderiam ter esquecido que temos aqui uma grande estrutura e que estávamos prestando um serviço de qualidade aos militares e também à comunidade”, disse Marco Polo. Ele citou como exemplo a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que é uma das mais bem aparelhadas e modernas do Paraná. O setor tem capacidade para atender dez pacientes, mas apenas um está internado hoje. “É uma tristeza saber que tantos paranaenses estão precisando de atendimento e nós aqui estamos com os leitos vazios, simplesmente por falta de verba”, lamentou. Marco Polo também disse que vê com bons olhos a intenção do governador Roberto Requião de, futuramente, estender o atendimento do Hospital Militar à comunidade e aos funcionários públicos. “É uma iniciativa ótima, porque poderemos atender com qualidade e com custos bem menores que os hospitais particulares ou públicos”, afirmou.