Com reajuste, pedágio vai representar 50% das despesas de viagem e do frete

As concessionárias, insensíveis, já recorreram dos aumentos negados pelo DER do Paraná
Publicação
25/11/2008 - 16:50
Editoria
O deputado Luiz Cláudio Romanelli, líder do Governo na Assembléia Legislativa, disse nesta terça-feira (25) que os novos aumentos pedidos pelas concessionárias de pedágio vão representar 50% das despesas de viagens para carro de passeio e 50% dos custos do frete para transporte rodoviário no Paraná. “É um impacto muito grande na economia e que encarece a produção e os serviços no Estado. As concessionárias insensíveis já recorreram dos aumentos negados pelo DER do Paraná”, disse Romanelli. O líder do Governo usou o exemplo dos custos do pedágio – já com os aumentos pretendidos pelas concessionárias – para um automóvel e um caminhão de seis eixos no trecho entre Foz do Iguaçu e o litoral pela BR-277. O automóvel pagará R$ 161,40 e o caminhão R$ 852,00 para passar, nos dois sentidos, pelas seis praças de pedágio da rodovia. COMPARAÇÃO – Romanelli comparou ainda os preços já com os aumentos pretendidos com os gastos de combustível no mesmo trecho na BR-277. “De Foz ao litoral, uma carreta consumirá 800 litros de óleo diesel ao custo médio de R$ 1.680,00 e um automóvel consumira 106 litros de gasolina ou álcool. No caso de gasolina, pagará R$ 265,00 e de álcool, R$ 168,54”, disse. “O pedágio vai custar 50,7% do custo do óleo diesel, 60.9% da gasolina consumida na viagem e 95,7% do álcool consumido. Contando com outros insumos e despesas, o pedágio já passa dos 50% do custo da viagem”, constata Romanelli que pediu um estudo detalhado ao Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioseconômicos). Romanelli usou outro exemplo. O do caminhoneiro João Carlos Gomes Rocha que faz oito viagens por semana na BR-277, entre Ponta Grossa e Araucária, e entrega R$ 16 mil por ano às concessionárias de pedágio - o equivalente a quase 40% do seu rendimento. Para trabalhar, Rocha precisa deixar quase a metade do que recebe na mão das concessionárias. Um péssimo negócio para o caminhoneiro, um ótimo negócio para as concessionárias que já arrecadaram R$ 7 bilhões em 10 anos de cobrança de pedágio. CUSTOS - O deputado lembrou ainda outro estudo, da Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), que aponta os setores da agropecuária e de fretes como os mais penalizados pelo pedágio. Segundo o estudo - O Impacto do Pedágio no Transporte de Grãos e Insumos no Estado do Paraná - o custo do frete chega a 40% para os caminhoneiros que retornam ao interior sem carga, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado. “Esse estudo é de 2007. Essas despesas tendem a aumentar com o aumento dado pela justiça em dezembro de 2007 e com os pretendidos agora pelas concessionárias. Além os valores dos produtos agropecuários são mais baixo comparativamente ao setor industrial, o que significa que todo produto industrial fica bem mais caro em função do pedágio cobrado”, disse Romanelli. O custo do pedágio entre Foz do Iguaçu e o Porto de Paranaguá torna o milho 8,28% mais caro. Para o calcário, o pedágio representa 40,60% do valor quando transportado de Almirante Tamandaré a Cascavel. “A economia sofre demais com o pedágio, pois seus custos incidem em toda a cadeia produtiva”, disse Romanelli. DUAS RAZÕES - Romanelli ainda apontou duas razões que explicam os altos preços do pedágio no Paraná. “As concessionárias não investem dinheiro próprio. Logo, o dinheiro para investimento, ou para pagar empréstimos bancários, precisa ser tirado do usuário. E o valor é elevado”. “A cultura empresarial das concessionárias também não considera retorno a médio ou longo prazo. O lucro tem que ser imediato. Se possível, investir hoje e ter retorno ontem. Essas são duas das inúmeras razões porque o pedágio é tão alto no Paraná”, completou.

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