A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) já iniciou os preparativos para a realização, em 29 de setembro, da próxima edição do Ação Cooperar no bairro Cajuru, um dos maiores de Curitiba. O assunto foi tema da reunião de trabalho realizada terça-feira (4), entre o presidente da Cohapar, Rafael Greca, e lideranças das 64 associações de moradores existentes na região. O Ação Cooperar é um mutirão de serviços sociais e cidadania promovido pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), em parceria com o Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar).
“A idéia da Cohapar é estar onde o povo está e levar serviços gratuitos de documentação, informações e conhecimento dos programas sociais do Governo do Estado à população mais carente de Curitiba e do Paraná”, explicou Greca. De acordo com o presidente da Cohapar, no Ação Cooperar do Cajuru as principais orientações serão as de atuar em conjunto com o Governo do Estado para preservar os mananciais, evitando a contaminação das águas pelo esgoto e buscar alternativas para as famílias que hoje moram em lotes irregulares.
De acordo com estimativa dos presidentes de associações de moradores, a região do Cajuru abriga aproximadamente 250 mil moradores. Deste total, cerca de 30% estão sem a escritura dos imóveis, localizados em áreas irregulares (reservas técnicas, fundos de vale ou imóveis de terceiros). Na 30.ª edição do Ação Cooperar, segundo Greca, será instalada uma tenda com especialistas na área para estudar todos os casos. “Vamos verificar de que forma a Cohapar pode ajudar, seja resolvendo as questões ou orientado o melhor caminho a ser tomado”, informou.
O líder comunitário Adelito Farias Pimenta participou do encontro com o presidente da Cohapar, na sede da Associação Agrícola de Moradores do São Domingo. Ele disse que há muitos anos espera resolver o problema da escritura do seu terreno. “Sem o documento tudo fica mais difícil, porque não tem CEP e dificulta o acesso dos carteiros. Fica difícil inclusive fazer cadastro de emprego, porque os nossos endereços só servem para a entrega das faturas de água e luz”, relatou.
CIDADANIA – Greca explicou ainda que, durante o programa, os moradores poderão resolver situações relacionadas à cidadania. Além de regularizar documentos como RG e CPF, haverá possibilidade de oficializar casamentos, solicitar talões de água e luz, e, ainda, ingressar nos programas sociais do Governo do Estado, como o Leite das Crianças, Luz Fraterna e Tarifa Social da Sanepar.
O Ação Cooperar conta com participação da Secretaria de Estado da Educação, Companhia de Informática do Paraná (Celepar), Companhia Paranaense de Energia (Copel), Defensoria Pública do Paraná, Batalhão de Polícia de Trânsito do Paraná (BPTran), Secretaria do Meio Ambiente do Paraná, Ministério do Trabalho (DRT Curitiba), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Institutos de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem), Secretaria de Estado da Saúde, Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR), Programa do Leite das Crianças e Instituto de Oncologia do Paraná.
HISTÓRICO – A comunidade do bairro Caruju (ou Cahajurú no original indígena que quer dizer “boca ou entrada da mata”) começou ser formada em 1681, com a chegada dos primeiros agricultores. Essa condição, essencialmente agrícola, ficou marcante na região até a década de 70, quando começou a ocupação populacional da área. “Cada proprietário foi vendendo um pedacinho de terra até lotearem tudo”, explicou o ainda chacareiro Wenceslau Bispo dos Santos, 78 anos.
Pai de nove filhos, Wenceslau conta que adquiriu sua faixa de terra em 1979 e acompanhou de perto a explosão demográfica que ocorreu na região, intensificada na década de 80. “Hoje estou vivendo no meio deste povo”, disse. Em relação à reunião com o presidente da Cohapar, o chacareiro disse que sua expectativa é que haja avanços, principalmente na qualidade de vida dos moradores.
As informações do agricultor são confirmadas pelo primeiro presidente da Associação Agrícola de Moradores do São Domingo, Luiz Domingos. “Antes, aqui era tudo chácara, depois acabaram as chácaras e virou um bairro”, relatou. Segundo o líder comunitário, a regularização dos imóveis começou em 1985, quando o governador Roberto Requião era prefeito de Curitiba. “Requião iniciou um trabalho de organização dos moradores para regularizar os imóveis”, relatou. Como exemplo ele citou o imóvel da sede da associação, hoje um dos poucos do bairro que estão escriturados.
Durante o encontro, Rafael Greca também apresentou importantes projetos que garantiram avanços sociais significativos nas comunidades do Caruju, executados no período em que foi prefeito de Curitiba (1993-1996). Entre os destaques, Greca citou o projeto Faróis do Saber, dotados de biblioteca e sala de inclusão digital, e obras de canalização do córrego Cajuru, evitando alagamentos das casas da região em períodos de chuva.