Com a entrega de 159 unidades habitacionais realizadas nesta sexta-feira (18), a Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná) beneficiou num só dia mais de 700 pessoas, em cinco novos empreendimentos em cidades do Norte e Noroeste do Estado. Os municípios que receberam os conjuntos foram Paranapoema, com 32 unidades; Peabiru, 49; Araruna, com 49; Querência do Norte, 18; e Nova Esperança, com 10.
O presidente da Cohapar, Rafael Greca, que não pode estar presente nas entregas das chaves, destacou que sua ausência era apenas física, pois sua emoção está presente em cada obra entregue. “Comemoro com a mesma alegria, junto de cada família, a conquista da casa própria. Nós não temos um lucro financeiro porque nosso papel está em construir um lucro social. Essa é a política adotada pelo governador Roberto Requião, voltada para os que mais precisam”.
Para Greca, ter a casa própria é conquistar um endereço na paisagem do Brasil e passar a fazer parte da cidadania. “Os antigos só consideravam cidadão os proprietários de casas e moradas dentro dos muros da cidade. Era assim que o antigo direito romano definia a condição de cidadania. Na prática é mais ou menos isso que acontece, só tem direito de dar palpite na sociedade quem tem aonde morar”, destacou.
O prefeito de Araruna, Fabiano Antoniassi, concorda com o presidente da Cohapar e disse que, por este motivo, seu coração de emoção ao entregar as moradias. “A construção só foi possível graças a nossa parceria com a Caixa Econômica e a Cohapar. Agora, essas famílias são donas não apenas da sua casa, mas também do seu endereço”.
Na cidade de Araruna, o conjunto recebeu o nome do ex-deputado e Conselheiro do Tribunal de Contas, Quielse Crisóstomo da Silva, pai do deputado estadual Kleiton Quielse. De acordo com o deputado, seu pai foi modelo de inspiração para sua vida pessoal e política e se sentia emocionado em participar dessa homenagem. “Meu pai sempre dizia que quem tem uma casa, tem esperança e hoje estamos podendo dar essa esperança para tantas famílias”.
O gerente de Negócios da Caixa Econômica de Maringá, Paulo de Tarso, disse que se sentia “gratificado ao saber que temos conseguido exemplarmente realizar esse trabalho aqui no Paraná e merecer o destaque frente a outros estados, fruto da parceria que tem viabilizado momentos como este em todas as regiões”.
As casas de caução são destinadas a famílias de baixa renda, referencialmente as que recebem até um salário mínimo. Esse sistema recebe subsídios do governo federal, através da Caixa Econômica e do Governo do Estado, por meio da Cohapar. Custam em média R$ 15 mil reais só a construção. A prefeitura é responsável pela doação da área e dos serviços de infra-estrutura. A Sanepar e a Copel viabilizam as redes de luz, água e esgoto.
As moradias que tiveram seu início há um ano atrás ainda seguem os padrões de 32 metros quadrados, as atuais passaram a ter 40 metros quadrados. Nos dois casos, possuem projetos arquitetônicos semelhantes, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e uma pequena varanda. Todas vêm com instalação de louças e chuveiro no banheiro e pia na cozinha, além de um tanque. São totalmente em alvenaria, com telhas de cerâmica e forradas.
Conforto e segurança – Uma das casas foi entregue a Maria Norma Alves, 36 anos, casada com Sérgio Andrade de Oliveira, 46. Ela tem três filhos e trabalha como “bóia-fria”. O marido com problemas de saúde não consegue andar.
Eles vivem em um barraco numa área de ocupação irregular, onde funcionava o antigo depósito de lixo da cidade. Nessa área, restaram apenas duas famílias, as demais foram realocadas para um outro empreendimento também construído pela Cohapar. A prefeitura pretende transformar o local num Parque Ecológico, para evitar novas invasões.
A única renda fixa é o Bolsa Família de R$ 94, que recebem do governo federal. “Quando penso que vou sair deste rancho para uma casa de verdade, nem acredito. Nunca tive nada parecido. Já nem sonhava mais com isso. A gente acaba se conformando com essa vida. Se não fosse pela Cohapar e a prefeitura, nunca iria ter essa oportunidade. Quero mudar o mais rápido possível e ter a certeza que vou estar na minha casa”, comentou.
A aposentada Emília Duarte da Costa, 60 anos, mora numa casa cedida por uma antiga associação da igreja católica. Ela vive sozinha numa peça há oito anos e teme que algum dia lhe peçam a casa. Nunca se casou nem teve filhos e durante muito tempo viveu com a mãe. “Ter minha casa, sempre foi o grande sonho da minha vida. Trabalhei toda vida na roça como “bóia-fria” e agora, depois de velha, tenho medo que me tirem daqui. Foi uma benção ter sido escolhida pra receber essa casa”, comemorou.