Cohapar estuda carrinhos com bateria para livrar catadores da Vila Zumbi de peso de 200 quilos

Interessado em acabar com o que chama de "tração humana", o presidente da Cohapar, Rafael Greca foi conhecer um protótipo de carrinho com bateria elétrica para catadores de papel
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18/12/2007 - 15:50
Editoria
Interessado em acabar com o que chama de "tração humana", o presidente da Cohapar, Rafael Greca foi conhecer um protótipo de carrinho com bateria elétrica para catadores de papel. A Cohapar vai propor ao Governo do Estado, no começo de 2008, um registro de preços para verificar custos de carrinhos movidos a bateria – como os da Coca-Cola, que circulam pelo centro de Curitiba. “A idéia é livrar os carrinheiros de um peso de mais ou menos 200 quilos. É desumano”, informa Greca, que tem esta preocupação desde que foi prefeito de Curitiba. “Na época tentei mas inviabilizaram a idéia de todas as formas”. Da Vila Zumbi ao bairro Boa Vista, por exemplo, os carrinheiros andam a pé todos os dias, na ida e volta, cerca de 20 quilômetros. Na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, a Cohapar e o Governo do Estado, urbanizaram uma área onde mora 1.800 famílias, com a construção de 289 sobrados. Ao mesmo tempo, O Governo do Paraná realiza um programa de desenvolvimento social, envolvendo também os catadores de papel. Para a produção do carrinho em escala comercial, a Companhia abrirá, no próximo ano, um pregão eletrônico destinado para este fim. O sistema de registro de preços pelo pregão eletrônico possibilita a habilitação de fornecedores e preços, que permite a redução dos custos operacionais e a otimização dos processos de aquisição e contratação de bens e serviços. Protótipo - Os carros movidos à bateria funcionam com energia elétrica e são produzidos com material reciclável e ecológico. Os carrinhos suportam uma carga de até 300 quilos e o custo mensal para recarregar a bateria não passa de R$ 15,00. A bateria usada no carrinho dura três horas contínuas ou então até 12 horas de forma descontínua. A durabilidade é de dois anos. O presidente da Cohapar afirma que as novas tecnologias desenvolvidas devem ser usadas para beneficiar os que mais necessitam, como os operadores ecológicos. “Precisamos entrar no mundo da tecnologia para acabar com homens que carregam um peso brutal. Queremos uma cidade mais humana sem que as pessoas precisem se sacrificar para ganhar a vida”, concluiu Rafael Greca. Carrinheiros - Adair Trajano da Silva – ex-catador de papel, conta que levava em média 2 horas para ir da Vila Zumbi, em Colombo, até Curitiba. Geralmente trabalhava nos bairros Boa Vista e Bacacheri. Ao longo do caminho já recolhia material reciclável. Saía de Colombo às 8horas e voltava às 14horas. Só fazia uma viagem. “As pernas não agüentavam duas viagens”, afirma Adair. Nos dias em que o trabalho tinha um bom rendimento, segundo Adair, chegava a carregar até 250 kg. Cléia Souza Leal, 23 anos, trabalha na Cooperativa dos Catadores de Papel da Vila Zumbi durante a semana e, aos sábados, recolhendo material reciclável. Cléia conta que vai pelos bairros Bacacheri, Boa Vista e Bairro Alto. Ela calcula que anda em média 60 quilômetros por dia e carrega, em média, 200 quilos diariamente. Ela sai de casa às 5h30 da manhã e retorna por volta das 17 horas. “No começo a gente sofre muito, dói tudo, os braços e as pernas, mas depois a gente acostuma”, afirma. Daniel Tavares, 38 anos, há 13 anos cata papel. Vai para Curitiba três vezes por semana e trabalha pelos bairros Bacacheri, Solar, Boa Vista. Carrega, em média, 300 kg por dia. Sai de casa às 4 horas e volta às 17 horas. Ele diz que cansa muito, mas tem que sair bem cedo porque, de outra forma, não consegue recolher quase nada. “A maioria sai bem cedo mesmo para conseguir o melhor lixo”, afirma. “A gente cansa muito, mas não tem outro jeito, tem que ser assim mesmo”, conclui.

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