O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Rafael Greca, e o prefeito Nélio Binder, entregaram nesta quinta-feira (1º) as chaves de 36 casas em São Miguel do Iguaçu, para famílias com renda mensal de até dois salários-mínimos. Os investimentos da Cohapar são de R$ 396 mil. “É preciso ter muito bairro novo no lugar das favelas, muita gente resgatada na sua dignidade e cidadania, como esse que estamos inaugurando hoje”, disse Greca. “O que estão recebendo hoje, é o endereço de vocês no mundo. Estão saindo do chão batido e da casa que o vento pode derrubar, para uma casa definitiva. Que essas chaves sejam o renascer na vida de cada um”, completou.
Os novos mutuários saem da favela do bairro Cotrefal, onde viviam em situação de risco, para as novas casas construídas pelo Governo do Estado, por intermédio da Cohapar, em parceria com a prefeitura local e o Governo Federal. “Sabemos que a habitação popular é uma responsabilidade de todos. Por isso essa parceria com o Governo do Estado e Governo Federal vem dando certo e proporcionando um momento tão importante como este, quando mais 36 famílias podem dormir com segurança e conforto”, afirmou o prefeito de São Miguel.
As moradias do Conjunto Residencial Renascer II têm 40 metros quadrados, totalmente em alvenaria, com dois quartos, sala, cozinha com pia, banheiro com as instalações de chuveiros e pias, uma área para lavanderia com tanque e uma pequena varanda.
O superintendente regional em exercício da Caixa Econômica Federal em de Cascavel, Vlademir Roberto dos Santos, destacou a importância de parcerias para garantir casas decentes para os mais pobres. “Hoje o país tem aproximadamente 7 milhões de famílias que ainda não têm casa própria. Mas temos feito um esforço constante para reduzir esse deficit habitacional e dar oportunidade para que muitas famílias tenham a alegria que hoje estamos podendo ver aqui”, disse.
“Onde há essa parceria entre o poder público, as ações sociais têm grande sucesso e avanço. Na habitação, o grande esforço do Governo do Estado, através da Cohapar, tem concretizado o sonho de muitas famílias que realmente precisam de uma moradia digna”, comentou o deputado estadual Dobrandino da Silva
Os novos moradores fizeram cursos de jardinagem para os homens e de economia doméstica para as mulheres, com noções de higiene, manutenção do imóvel e culinária trivial, promovido pela Prefeitura. Praticamente todas as casas já estão com os jardins iniciados e plantio de grama identificando o cuidado com o novo lar.
O presidente da Associação de Moradores Renascer II, Geraldo Rodrigues de Amorin, está feliz. Ele vive numa das casas da favela, sem forro, de madeira velha, chão batido, quase sem mobília, de uma única peça. Aos 55 anos ele trabalha como vigilante e morava há três anos com a companheira, Maria Rodrigues da Cruz, de 61 anos. Veio da cidade de Santa Helena, onde trabalhava como bóia fria. “Foi muita felicidade participar dessa obra, ver crescendo a cada dia. Ficava imaginando todas aquelas famílias saindo daquela situação para uma outra vida. Era como se o sonho de cada um fosse ganhando forma. Eu também nunca tive uma casa e esta é a primeira vez que vou entrar na minha casinha”, disse.
Vivendo numa situação de pobreza, Andréia Carneiro Silveira, diz que não vê a hora de mudar e sair daquela vida. Ela tem 24 anos e está casada há oito anos com Abel Correia, 25 anos. O casal tem duas filhas, de 8 e 5 anos. Abel trabalhou na obra do conjunto onde vão morar, como pintor. “Esse emprego ajudou muito a gente”, diz Andréia. O lugar onde moram é feito com madeira e placas muito velhas e os fundos é coberto com uma lona de plástico. “Já teve momentos de vento forte que precisava colocar as crianças debaixo da mesa, por medo que a casa caísse”. A casa só tem uma peça dividida por um guarda-roupa onde fica uma cama em que dormem a filha menor e o casal. A mais velha dorme num colchão no chão de terra batida. “Quando chove ela tem que vir para nossa cama, porque molha tudo aqui dentro”, conta.
Andréia afirma que, apesar de sonhar em ter uma casa de verdade, não tinha esperança. Achava isso impossível. Hoje não pensa mais assim. “Foi uma benção, uma graça que recebi. Peço que Deus ilumine os caminhos de todos que se empenharam para fazer isso por nós. Nunca tivemos um governador como este. Sei que é ele quem está ajudando. Ele disse que ia fazer pelos que mais precisam, e está fazendo. A nossa vida começa a mudar a partir de amanhã. Nunca vou esquecer esse dia”, afirma.
A casa de Jorge Cândido de Morais não agüentou esperar. Caiu antes que o Residencial Renascer II ficasse pronto. Sem ter para onde ir, ele teve que alugar uma casa, onde paga R$ 100 por mês. “Num temporal que deu, desabou tudo e não tive outro jeito senão alugar uma casa. Crio três netas comigo e precisava de um lugar para morar com as crianças, até que o conjunto ficasse pronto”, conta.
Jorge tem 68 anos e trabalhou a vida toda como bóia-fria. Hoje é aposentado e viúvo. Aproveitou o curso que a prefeitura ofereceu e fez jardinagem. “Assim posso fazer alguma coisa para aumentar a renda. Nem acredito que nessa idade vou ter um canto meu para viver. É um patrimônio que vai ficar para as meninas. Não quero que elas passem pelo que já passei”, afirma.