O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Rafael Greca, apresentou na noite desta quarta-feira (29) o programa de urbanização de favelas e habitação, que prevê construção de casas e regularização fundiária na microbacia dos rios Palmital, Atuba e Arruda em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba.
O programa atende famílias que vivem em favelas ou em habitações de risco nos bairros Jardim Liberdade, Jardim Contorno e Jardim Marambaia. O encontro organizado pelas associações de moradores da região reuniu mais de 400 pessoas no pátio da Escola Estadual Jardim Ana Maria. As obras executadas pela Cohapar são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e irão beneficiar 879 famílias. O investimento é de R$ 19,8 milhões.
“O projeto prevê a relocação de 350 familias e 508 novas regularizações fundiárias, além da recuperação ambiental da área com a criação de bacias de contenção de cheias e criação de parques ambientais novos”, explicou Marcelo Ferraz Cesar, superintendente de planejamento e controle da Cohapar.
Deste total, 371 famílias serão atendidas com lotes regularizados no Jardim Liberdade, onde serão construídas 250 novas casas. A reurbanização da vila terá instalação de rede de luz e esgoto, pavimentação de ruas, construção de novas casas de 40m² e regularização das escrituras dos imóveis atuais.
Também serão construídas novas moradias nos jardins Marambaia (188 unidades) e Contorno (70). As casas serão financiadas pela Cohapar, em parcelas com valores entre R$ 50 a R$ 60 mensais. As famílias que vão receber as casas são as que estão morando em barracos na beira dos rios, sujeitas a enchentes. As demais terão lotes regularizados.
O presidente da Cohapar apresentou os novos padrões arquitetônicos de habitação popular desenvolvidos pela companhia, as plantas das novas casas com espaço que prevê futuras ampliações. “Isso facilita a vida dos mutuários, que podem aumentar suas casas com segurança e sem riscos”, disse. As novas casas também serão adaptadas para cadeirantes e portadores de necessidades especiais.
Na área antes ocupada pelas famílias nas margens dos rios, a Cohapar fará, em parceria com a prefeitura de Colombo, a recuperação ambiental, com a criação de três parques para o lazer da comunidade e para faciltar a drenagem da microbacia fluvial.
“É uma velha luta destas comunidades que vamos conseguir realizar. A ideia é dar dignidade à familia colombense, que mora, trabalha e cria seus filhos aqui na cidade. Para que o resultado apareça é fundamental este trabalho de parceria entre a prefeitura e os governos estadual e federal”, disse o prefeito de Colombo, José Antonio Camargo.
Urbanização - “A idéia é fazer aqui o mesmo trabalho que realizamos do outro lado da rodovia, na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, e no Novo Guarituba, em Piraquara, e que deram condições dignas de moradias para aquelas comunidades”, afirmou Greca.
Para Greca, o mais importante é a regularização da situação legal dos imóveis, dando possibilidade de exercício da cidadania aos moradores da região. “Vamos tornar as mulheres daqui, que hoje são apenas donas de casa, em donas legitimas de suas casas. Casas novas, que serão herdadas por seus filhos e netos” declarou.
Antes do início das obras serão realizadas reuniões com grupos menores de moradores para explicar a cada familia a forma de titulação dos terrenos, dos valores das mensalidades, e todos os detalhes que envolvem o projeto. A Cohapar procurou relocar as famílias para terrenos perto de suas antigas moradias para minimizar o impacto social da mudança.
Expectativa - Entre os moradores da região a expectativa é de melhora da qualidade de vida. “Eu vou realizar o meu sonho. Quando eu mudei para cá a vila era um banhado cheio de barracos de lona. Eu não imaginava, naquela época, que iria morar numa vila maravilhosa como esta do projeto. Vou tomar posse da minha casinha”, disse Lourdes Nunes Pires, de 67 anos, uma das primeiras moradoras da Vila Liberdade.
A previsão para o início das obras é o mês de setembro. Todas as famílias terão ruas pavimentadas, água e esgoto, energia elétrica nas casas e iluminação pública, galerias de drenagem, paisagismo, sinalização e equipamentos urbanos.
“Um dos nossos maiores problemas, que tentamos combater durante anos, são as enchentes. A grande vantagem deste projeto é que haverá todo um cuidado pra a solução desta questão. Está perto o dia em que não vai ter mais enchente aqui nas vilas de Colombo”, disse Antonio Monteiro, presidente da associação de moradores da Vila Ana Maria e Nova Esperança.
Dona Alzira Lima dos Santos, moradora da Vila Liberdade, que durante 22 anos conviveu com as privações do cotidiano da região, se emociona ao falar da nova vila. “Eu fico emocionada de ver este povo feliz, depois de tudo o que nós passamos. Nós vamo ter asfalto, vamos ter casa boa, não vamos precisar subir o colchão para cima da mesa no dia da enchente. Vamos ser moradores de vila e não mais gente de favela” disse.