Ciclo de Debates sobre Políticas Públicas discute combate à pobreza

Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laura Tavares Soares, foi a palestrante dessa quinta-feira (4)
Publicação
04/10/2007 - 18:47
As propostas para enfrentamento da desigualdade social na América Latina estariam reproduzindo discursos hegemônicos de mais de uma década, conforme aponta a pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laura Tavares Soares. Ela questiona a existência de um “novo consenso” que estaria se reproduzindo com nova vestimenta. Laura foi a palestrante desta quarta-feira (4), em Curitiba, durante o quinto encontro do Ciclo de Debates sobre Políticas Públicas para a América Latina, promovido pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Sanepar e Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio da Caixa Econômica Federal, BRDE e Codesul. Na visão de Laura, os “novos consensos” repetem as antigas formas neoliberais na implementação de políticas públicas na área social, que são baseadas na redução ou no abandono da função do Estado. Tais projetos tendem a substituir o Estado pelo terceiro setor, focar ações nos mais pobres só por critérios de renda, colocam a preocupação com o bem-estar como responsabilidade das famílias e das comunidades, ou seja, que elas sejam auto-sustentáveis. “Continuam os discursos de que deve haver pequenos projetos de sustentação, focados em locais em que os mais pobres tenham que se manter sem o Estado. Quando os ricos prescindem do Estado, criticam que este deve ser mais atuante, menos burocrático, mais eficaz e mais presente. Já quando os pobres é que precisam do Estado é visto como paternalismo”, criticou Laura. A proposta de Laura é que se implantem políticas públicas integrais em que o Estado assuma sua responsabilidade, sem ficar limitado em transferências de renda. Estas políticas devem levar em consideração a universalização territorial, mapeando espacialidades da pobreza e implantando nestes espaços políticas integradas de geração de emprego e renda, políticas para idosos, para crianças, educação, cultura e esporte, sem políticas isoladas. Para Laura, o Paraná é um Estado muito mais forte nas políticas públicas por assumir junto às prefeituras que possuem poucos recursos responsabilidade no ensino, na saúde e no acesso a serviços básicos. Outra proposta debatida por Laura é a universalização do ensino superior. Ela comenta que há estudos na UFRJ para que o aluno de ensino médio tenha acesso às universidades públicas através de formas diferenciadas, sem o modelo tradicional de vestibular, com acompanhamento do estudante e a capacitação dos professores. Ela cita que no Brasil há 12% dos jovens nas universidades, sendo 3% deles nas públicas. “Isto é um absurdo. O Equador possui 25% dos jovens nas universidades, Argentina 30% e Cuba 55%. Nós não somos mais pobres que eles. É preciso pensar um modelo de universidade diferente. Oferecer acesso ao ensino superior assim como ele tem acesso ao ensino médio”, conclui.

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