A criação do Centro de Reabilitação em Medicina Física do Paraná permitirá maior rapidez na recuperação do paciente e um tratamento correto no pós cirurgia, que reduzirá custos de outros setores da Saúde Pública, além de possibilitar convênios para pesquisa. A afirmação é do médico especialista em cirurgia da coluna, Emiliano Vialle, que considera que a construção do novo centro “vai preencher uma lacuna hoje atendida por voluntários”. “Com reabilitação adequada, inclusive com familiares aprendendo todos os cuidados necessários com profissionais, a adaptação do paciente será encurtada em meses”, afirma.
Segundo o médico, a estrutura do maior centro público de reabilitação e medicina física do país também viabiliza a pesquisa e atrai investimentos de parceiros. “Acredito que o Centro abre uma nova página no tratamento da lesão medular no Estado, tanto na coordenação do tratamento quanto para pesquisa. O Paraná tem muita gente com experiência e pesquisas importantes não foram viabilizadas pela falta de suporte técnico ou estrutura fora dos já conhecidos centros de excelência”, esclarece.
O Governo do Paraná está iniciando a licitação dos projetos do Centro de Reabilitação em Medicina Física do Paraná. O principal objetivo do Centro será garantir às pessoas portadoras de deficiências físicas, assistência nos diversos níveis de complexidade, por intermédio de equipes multiprofissional e multidisciplinar, utilizando métodos e técnicas terapêuticas específicas. “Atendo de forma voluntária em ambientes limitados para o tratamento ideal ou para o número de pessoas que gostaríamos de atender. Às vezes, um lesado medular demora seis meses para ser atendido, o que gera o agravamento de alguma seqüela ou o aparecimento de outros problemas”, diz.
De acordo com Vialle, a falta de sensibilidade de uma pessoa com lesão na coluna cervical pode fazer com que uma ferida na pele se agrave a ponto do tratamento necessitar de meses para ser concluído. As úlceras ou “escaras” geradas pela falta de reflexo de dor são um dos problemas que poderiam ser evitados com acompanhamento correto iniciado assim que o paciente deixasse o hospital em que foi operado ou recebeu o tratamento inicial. “No resto do Estado a situação é pior. Nós recebemos pacientes de outras regiões com tratamento inadequados ou sem tratamento algum que chegam com problemas que demoram meses ou até anos para serem tratados e que poderiam ser evitados com o acompanhamento adequado. Com o centro de reabilitação esta internação seria desnecessária porque seria mais fácil prevenir esta lesão na pele, por exemplo”, avalia.
Além de auxiliar na reabilitação correta e mais acelerada, Emiliano ressalta que o Centro vai melhorar a adaptação do paciente na sociedade. “O lesado medular tem capacidade plena de retornar para suas funções na sociedade”, salienta. “Além dos benefícios diretos do tratamento adequado, a simples convivência e troca de experiência com pessoas que já passaram pelo tratamento auxilia na recuperação”, completa.
O especialista prevê ainda que o acompanhamento proporcionado pelo centro pode reduzir custos em outros setores da Saúde Pública, pois deve atender um público de baixa renda, carente sobretudo de informações e orientação correta. Segundo o engenheiro da secretaria de Obras e autor do projeto, Edson Klotz, “o Centro terá ainda estrutura para projetos de inclusão social e familiar do portador da necessidade especial”.
Com 10.325 metros quadrados de área construída, o Centro será implantado em área conjunta à APR – Associação Paranaense de Reabilitação e deverá atender toda a região Sul do país. Para tanto, segundo o secretário de Obras Públicas, Luiz Dernizo Caron, a obra prevê um total de 60 leitos, com dois pavimentos para internamento, um ginásio adulto e infantil, setor completo de hidroterapia, laboratório de marcha, salas de diagnóstico e um centro cirúrgico, entre outras instalações. Como o Centro funcionará junto à APR, ele estará integrado com os laboratórios de órtese e prótese ali instalado, que já são uma referência de qualidade no setor.