Centro de Atendimento ao Deficiente festeja etapa de finalização de obras

Mais de 53 mil pacientes foram atendidos no Centro este ano. As obras incluíram reforma nos pisos, instalações elétricas e hidráulicas e pintura. Começaram em outubro de 2005 e foram feitas em etapas para não prejudicar o atendimento aos pacientes
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14/12/2006 - 16:55
Editoria
O Centro Regional de Atendimento ao Deficiente (Craid), unidade da Secretaria da Saúde, promoveu nesta quinta-feira (14) uma festa de Natal para cerca de 400 pacientes. O evento ocorreu em sua unidade que se encontra em fase final de reforma. O Craid é uma unidade especializada no atendimento a crianças especiais. Em 2006, até agora, foram feitas mais de 53 mil atendimentos entre consultas médicas e outros procedimentos. As obras nos sete andares do edifício incluíram reforma nos pisos, instalações elétricas e hidráulicas e pintura. Tiveram início em outubro de 2005 e foram feitas em etapas para não prejudicar o atendimento aos pacientes. Os pacientes de zero a 18 anos dos programas Atenção ao Bebê de Risco, Atenção ao Portador de Paralisia Cerebral e Estimulação Visual receberam presentes dos profissionais do centro, doados pela Associação de Reabilitação e Apoio ao Portador de Paralisia Cerebral e do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar). Ao todo foram 800 presentes entregues para os pacientes que compareceram ao Centro. “É uma época de comemorar as conquistas desse ano. Várias crianças tiveram alta e muitas outras chegaram com novos casos para nós”, conta a diretora do Craid, Orcesi Antunes. Um desses casos novos é o do filho da auxiliar de manipulação, Sandra Maria Ribeiro, 33, que está consultando há dois meses no Craid. O filho tem paralisia infantil e fazia o tratamento em Colombo, local de sua residência. Após os tratamentos iniciados, a auxiliar ficou conhecendo o centro e veio falar com a assistente social. No mesmo dia seu filho passou por uma bateria de exames e já deram encaminhamento ao tratamento. Ele não tinha os movimentos do lado direito do corpo e, após consultas com os médicos da fisioterapia, terapia ocupacional, pedagogia, neurocirurgia e pediatria, seu filho já tem uma vida normal. “O atendimento aqui merece nota dez. Trouxe meu filho e eles já fizeram um trabalho geral para a melhora dele. Desde tomografia, para saber a causa de sua paralisia, até a fisioterapia, para ele ter os movimentos novamente. Se eu fosse fazer todas essas consultas e tratamentos em uma clínica particular, não teria condições financeiras de fazê-las”, disse. Com oito anos de idade e oito anos de consultas no Craid, a filha de Josiele Cristina de Lima, 24, secretária, está reaprendendo a enxergar. Ela tem uma doença na retina central e o departamento de visão subnormal do Craid faz um tratamento de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia e reeducação visual para que a menina possa aprender a enxergar através de sua visão periférica. A mãe conta que, durante a gravidez, teve toxoplasmose congênita e a doença passou para a filha, que nasceu com problemas na visão e com dificuldade motora. “Após esses anos de tratamento, ela já não tem mais problema motor e está aprendendo a enxergar. Ela teve uma evolução de tratamento maravilhosa com os médicos do centro”, conta. Para enaltecer a festa dos participantes, uma apresentação foi feita por um paciente do Centro. Francisco de Assis Cantareli, 61 anos, é paciente do programa de estimulação visual e fez uma mostra de músicas com seu clarinete. Francisco foi acometido por uma doença degenerativa, chamada atrofia do epitélio retiniano macular, que atingiu a retina. Isso fez com que ele só enxergasse por sua visão periférica. Indicado por um oftalmologista, apresentou-se no Craid em março deste ano e começou o tratamento de treinamento para melhorar a acuidade visual. “Desde 1990 ele vem apresentando problemas na visão, chegando ao ponto de não conseguir ler nem se movimentar sem ajuda de alguém. Atualmente ele consegue fazer as coisas sem a ajuda de alguém”, disse a coordenadora da estimulação visual do Craid, Marilete Buzetti Milano. “Desde que comecei o tratamento com as professoras do Craid, melhorei muito minha leitura. Os exercícios que elas fazem ativam a minha visão e eu tive uma melhora fantástica. Visitei um oftalmologista em São Paulo e ele fez um exercício onde eu não consegui enxergar nada. Depois que comecei o tratamento com o Craid, voltei a visitar o mesmo oftalmologista, no mesmo local, ele fez o mesmo exercício e eu consegui enxergar e acertar”, alegra-se Francisco. Obra – De acordo com a arquiteta responsável pelas obras e adequações que ocorreram no centro, Liane de Macedo Milward, a intenção foi amenizar a estrutura física de órgão de atendimento a pacientes e humanizar o atendimento. “Não existe mais o uso de cores frias nos espaços físicos de atendimento à população. Normalmente são usadas cores vivas para retirar a idéia de hospital e diminuir o sofrimento das pessoas”, disse. Foram feitas obras nos sete andares do prédio, desde o hall de entrada até as salas de atendimento aos pacientes. Também foram feitas adequações e melhorias nos banheiros, corredores e na fachada frontal. “Adaptamos todo o trabalho à realidade dos pacientes. A melhora visual também ajuda no tratamento e recuperação dos pacientes”, avisa Liane. A obra teve um custo inicial de R$ 380 mil e, em agosto deste ano, foi assinado mais um aditivo de R$ 189 mil, totalizando mais de R$ 570 mil. Centro – Os usuários podem ser atendidos nas áreas de pediatria, neuropediatria, psiquiatria, oftalmologia, otorrinolaringologia, cardiologia, ginecologia, odontologia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia (atendimento do paciente e do familiar), pedagogia, estimulação visual, serviço social, enfermagem, T.H.D., pessoal de apoio. Inicialmente o paciente faz uma entrevista com a assistente social para saber sua história e em seguida é encaminhado para o pediatra, onde faz sua primeira consulta, passando por um exame físico completo. Após essa primeira consulta, é encaminhado para uma equipe multidisciplinar onde é feito um acompanhamento do paciente. “Uma das principais funções dos médicos é fazer a estimulação visual, motora e auditiva do paciente para que não fique atrofiado. Esse exercício é para estimular o cérebro da criança”, disse o pediatra do Centro, Polan Piotrowicz. O pediatra também diz que é um trabalho envolvente. As crianças comparecem às consultas todo mês e isso causa um vínculo com o pediatra. “Além disso, o paciente tem um atendimento aberto, isto é, pode vir a qualquer hora para ser atendido, não precisando marcar consulta. É um serviço diferenciado”, avisa. O Centro também possui os serviços de farmácia (com medicamentos para pacientes atendidos no local), audiometria, eletroencefalograma, odontologia sob anestesia geral, ambulância e escola de informática. O centro está sendo considerado de referência em todo o Brasil para o tratamento de visão subnormal, ou seja, doenças que acarretam dificuldades na visão. A farmácia possui um total de 36 tipos de medicação controlada. Com uma saída mensal de mais de cerca de nove mil comprimidos, as pessoas atendidas no centro não necessitam ir a farmácias para encontrar o medicamento. Todas as apresentações de medicamentos que os pacientes necessitam são distribuídas nessa farmácia.

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