Centenário de Noel Rosa é comemorado com show único no Música nos Museus

Principais sucessos do compositor carioca serão apresentados no Centro Juvenil de Artes Plásticas
Publicação
09/04/2010 - 16:00
Editoria
O centenário de nascimento de Noel Rosa - um dos maiores compositores da música brasileira – será lembrado na próxima terça-feira (13), às 18h30, com uma apresentação musical da cantora Lucymar Nicastro e Trio, no Centro Juvenil de Artes Plásticas (Rua Mateus Leme, 56). No repertório serão lembrados alguns dos maiores clássicos de Noel, também conhecido como o “Poeta da Vila”. Entre as composições estão “Conversa de Botequim”, “Gago Apaixonado”, “Três Apitos”, “Com que Roupa?” e “Palpite Infeliz”. A entrada grátis.
Lucymar conta que será acompanhado por um trio musical que já tem muita intimidade com o samba de Noel. Ela divide o palco com Guego Favetti (voz e violão), Adelson Padilha (cavaquinho) e Zezinho do Pandeiro. “Nesse show nós vamos mostrar um pequeno recorte da obra de Noel, que, para mim, foi um compositor brasileiro fabuloso, dotado de grande sensibilidade para contar, em versos, a realidade do povo e seu amor pela Vila Isabel, pelo samba e, é claro, pelas mulheres”, diz a cantora.
PROJETO – O Música nos Museus é um projeto da Secretaria Estadual da Cultura que mensalmente apresenta uma atração musical em seus espaços de exposição. A ideia é contemplar todos os gêneros musicais, buscando como critério principal a qualidade dos músicos paranaenses.
Para a secretária de Cultura, Vera Mussi, essa é uma oportunidade de reunir, num só espaço, música e arte. “O projeto Música nos Museus quer trabalhar a excelência dos instrumentistas do nosso estado em espaços não-convencionais para espetáculos musicais. Assim podemos aproximar o público dessas duas linguagens artísticas numa ação de integração cultural.”
NOEL – Sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista, Noel Rosa (1910/1937) foi um dos maiores e mais importantes artistas da música brasileira. Nascido no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, aprendeu a tocar bandolim de ouvido, e logo se interessou pela música. Para o violão foi um passo e, descobrindo sua grande habilidade musical, rapidamente ficou conhecido na cena boêmia carioca como o ”Poeta da Vila”.
Em 1930, compôs um de seus grandes sucessos, “Com que Roupa?”, que se tornou muito popular no carnaval da época e que transpôs décadas, tornando-se um clássico do cancioneiro brasileiro. Vários sambas foram compostos em uma curiosa batalha musical que ele travava com seu rival, o compositor Wilson Batista, incluindo canções inesquecíveis como “Feitiço da Vila” e “Palpite Infeliz”. Entre os intérpretes que cantaram seus sambas estão Mário Reis, Francisco Alves e Aracy de Almeida.
Noel Rosa deixou legado de mais de 300 canções em breves 27 anos de vida. Através de suas constantes participações no rádio, maior veículo de comunicação da época, ele conseguiu elevar o samba a uma posição privilegiada no cenário musical. Tornar o samba aceito e valorizado por todas as camadas sociais foi uma de suas maiores contribuições. O samba como parte da identidade brasileira só foi possível com a importante obra de Noel Rosa.
Serviço: Música nos Museus – Espetáculo Noel Rosa – 100 anos. Apresentação da cantora Lucymar Nicastro acompanhado Guego Favetti (voz e violão), Adelson Padilha (cavaquinho) e Zezinho do Pandeiro – Única apresentação nesta terça-feira, dia 13, às 18h30, no Centro Juvenil de Artes Plásticas (R. Mateus Leme, 56). Entrada franca.
BOX – REPERTÓRIO:
Com que roupa (Noel Rosa) - Noel Rosa era muito boêmio. Certo dia foram chamá-lo para participar de uma reunião de sambistas. Sabem o que a mãe dele fez? Escondeu a roupa dele todinha, assim ele não poderia sair. Daí, ele fez o samba famoso: Com que Roupa. O brasileiro coberto de farrapo, com praga de urubu, não conseguindo ganhar dinheiro, sendo passado para trás pelo estrangeiro que leva seu capital...
Conversa de Botequim (Vadico/Noel Rosa) - A música Conversa de Botequim foi feita depois do que ocorreu com Noel Rosa, em um barzinho que frequentava, onde tinha um garçom que quando ele chegava ia limpar a mesa (um modo de dizer na época que o cliente não era bem-vindo). O telefone (344333) citado na música teve tanto sucesso que a empresa telefônica da época comprou o número para fazer propaganda.
João Ninguém (Noel Rosa) - A letra fala da consciência e da dificuldade do povo trabalhador: “João Ninguém, que não é velho nem moço, come bastante no almoço e se esquece do jantar...”
Feitiço da Vila (Vadico/Noel Rosa) - Clássico de Noel Rosa, uma declaração de amor ao samba.
Palpite Infeliz (Noel Rosa) - Na composição, Noel afirma sua simpatia por outros celeiros do samba. O samba coroou sua memorável rivalidade com outro grande sambista, Wilson Batista.
Três Apitos (Noel Rosa) - Josefina – a Fina, era namorada de Noel. Envergonhada por ser operária, não contava onde trabalhava. Vista por Noel, na porta da Cia. América de Tecidos com roupas modestas, sem meias, marmita na mão, inspirou o Poeta da Vila a compor Três Apitos. Com a gravação de Aracy de Almeida em 1950, essa música foi a responsável por trazer a obra de Noel Rosa de novo às rádios e apresentações, depois de 13 anos (1937 | 1950), no esquecimento.
Último Desejo (Noel Rosa) - Foi em uma noite de São João, em 1934, no Cabaré Apolo, na Lapa, que Noel e Ceci começaram seu romance. Forçado pela família casou-se com Lindaura Martins e foi passar uma temporada em Belo Horizonte, na tentativa de curar a tuberculose. Em 1935, de volta ao Rio de Janeiro, soube que Ceci havia encontrado um novo amor: Mario Lago.
Gago Apaixonado (Noel Rosa) - Inspirado na história de um amor mal sucedido vivido por um amigo gago, Noel escreveu o Gago Apaixonado.
Tarzan, o filho do alfaiate (Noel Rosa/Vadico) - Magro e bastante doente, Noel compôs Tarzan, o filho do alfaiate, fazendo graça com a própria situação.
Feitio de Oração (Vadico/Noel Rosa) - Obra prima de Noel, todas as mulheres que passaram por sua vida brigavam pelo posto de musa inspiradora de saudade tão intensa.
Filosofia (Noel Rosa) - “Mas a filosofia hoje me auxilia a viver indiferente, nessa prontidão sem fim, vou fingindo que sou rico pra ninguém zombar de mim...”
Jura (Noel Rosa) - Noel prometia deixar a boemia. Contam que esse era o samba que ele cantava para as mulheres pelas quais se interessava, até mesmo como um artifício de conquista.
Pastorinhas – (Noel Rosa/João de Barro) e Pierrot Apaixonado (Noel Rosa/Heitor dos Prazeres) - As parcerias de Noel com João de Barro (Pastorinhas) e Heitor dos Prazeres (Pierrot Apaixonado), até hoje são sucessos nos carnavais.

GALERIA DE IMAGENS