Censo Agropecuário do IBGE põe no cenário nacional Agricultura Familiar

Conselho Estadual da Agricultura Familiar debate importância das informações para reveladas pelo Censo Agropecuário de 2006
Publicação
10/12/2009 - 16:20
Editoria
A Agricultura Familiar sai do anonimato e se prepara para enfrentar os vários desafios que tem pela frente. Essa é uma das conclusões extraídas de um debate sobre a importância desse segmento revelada pelo censo agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O debate ocorreu na quarta-feira (09) durante a última reunião do Conselho Estadual do Desenvolvimento Regional da Agricultura Familiar (Cedraf), realizado em Curitiba. O debate enfatizou a importância da Agricultura Familiar na produção de alimentos e na geração de receitas que ajudam a compor a renda no campo. Foi mediado pelo secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, e contou com a presença de Jorge Mryczka, representando o IBGE, e dos técnicos Anael Pinheiro Ulhoa Cintra, Julio Takeshi Suzuki Junior e Valéria Villa Verde Pereira do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) que fizeram as apresentações sobre as informações do centro referentes ao desempenho da Agricultura Familiar. O secretário Valter Bianchini destacou a importância das informações que constam no censo agropecuário 2006, para que se possa extrair políticas mais consistentes para os territórios e regiões. Para Bianchini, as universidades e os institutos de pesquisas devem trabalhar mais esses dados no próximo ano para embasar melhor as políticas públicas. Entre as informações mais comemoradas e que foram reveladas pelo censo agropecuário constatou-se uma estagnação e até mesmo um ligeiro crescimento no número de propriedades agrícolas existentes no Paraná. Após um decréscimo e concentração no número de propriedades desde 1970, por causa do êxodo rural, o número de propriedades verificado no último censo aponta para o início de uma desconcentração. Em 1970, o censo revelou a existência de 554.488 propriedades agrícolas no Paraná. Em 1995 o número de propriedades despencou para 369.875e no último censo, de 2006, divulgado recentemente, já eram 371.051 propriedades agrícolas existentes no Estado. Para o representante do IBGE, Jorge Mryczka, essa retomada sinaliza que o produtor está optando por ficar no meio rural por causa das políticas públicas adotadas pelos governos federal e estadual. Destacou as linhas de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que incentivou os investimentos nas propriedades agrícolas como os programas estaduais como Fundo de Aval, Trator Solidário, Programa de Irrigação Noturna, Paraná Fértil e outros que dão o suporte para o pequeno agricultor familiar conquistar condições de se manter competitivo no campo, explicou Mryczka. O aumento do número de estabelecimentos mostrou também que aumentou a área ocupada pelas atividades agropecuárias no Estado, que passou de 14,62 milhões de hectares em 1970 para 15,28 milhões de hectares conforme o último censo. O IBGE editou uma publicação especial sobre a participação da Agricultura Familiar em todas as pesquisas feitas pelo censo agropecuário 2006. O estudo do Ipardes sobre o censo agropecuário revelou que no Paraná a Agricultura Familiar tem participação acima de 80% na produção de arroz, feijão, mandioca e milho. Na produção de soja, o setor tem 76% de participação e de 66,1% na produção de trigo. Além da produção vegetal, a Agricultura Familiar tem participação expressiva na produção de aves, ovos, suínos, bovinos e na pecuária leiteira. Apesar da importância dos agricultores familiares na produção de alimentos, a maior parte da área ocupada com estabelecimentos agropecuários no Paraná, que corresponde a 112,03 milhões de hectares (72,2%), não pertence à Agricultura Familiar e cerca de 4,25 milhões de hectares (27,8%) da área pertencem à Agricultura Familiar. A área com menor desconcentração fundiária, segundo o Ipardes, está no Sudoeste, onde cresceu de forma significativa a produção de frango e de leite da Agricultura Familiar. Para o representante da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Ademir Dalazen, a Agricultura Familiar e a reforma agrária têm que ser colocadas em seu devido lugar. Ele criticou setores da sociedade que fazem questão de esconder os avanços da Agricultura Familiar e da reforma agrária como agentes de desenvolvimento no campo. Dalazem destacou a sinalização emitida pelo censo agropecuário que aponta a necessidade de serem repensadas as políticas públicas no Estado e no País para os pequenos agricultores familiares, inclusive para a reforma agrária.

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