“Antes, procurava-se o técnico que sabia usar bem um programa de computador. Hoje, busca-se aquele que sabe como funciona o computador por dentro e esse conhecimento só é possível com o uso de software livre”. Foi o que afirmou o diretor nacional do Serviço de Processamento de Dados (Serpro), Sérgio Rosa, durante um seminário em Curitiba.
O evento reuniu programadores das duas empresas de informática mais antigas do país: a Celepar – Informática do Paraná, representada pelo presidente Marcos Mazoni, e o próprio Serpro. As duas empresas públicas de ionformática foram criadas em 1964, sendo a Celepar quatro dias mais velha.
Mazoni e Rosa abriram o evento com uma análise sobre o uso e desenvolvimento do software livre – um tipo de programa de computador que pode ser usado, copiado e modificado livremente por quem tiver interesse em desenvolvê-lo. A tecnologia permite que os técnicos das próprias empresas públicas desenvolvam programas. Isso resulta em grande economia, uma vez que não se paga direitos autorais à firmas terceirizadas. Só no Paraná, foram economizados R$ 127 milhões.
Outra vantagem é a segurança e independência tecnológica do Estado, que não precisa ceder seus dados sigilosos para outros desenvolvedores que não os do próprio governo. “Com software livre, deixamos de ser meros usuários avançados de softwares proprietários para fazer informática de verdade”, sintetizou Mazoni.
Como o software livre se desenvolve por meio da troca de experiências e da cooperação entre várias pessoas, as duas empresas apresentaram suas soluções durante o seminário. Ambas possuem um sistema de e-mail desenvolvido em tecnologia livre, o Carteiro (Serpro) e o Expresso (Celepar). Este último conta com mais de 50 mil contas no Paraná e está sendo cedido para o Estado de São Paulo, que pretende usar o Expresso em 750 mil contas.
A Celepar mostrou ainda como usa o banco de dados PostGre, utilizado recentemente na criação do novo sistema administrativo do Detran. “É um sistema robusto, que é capaz de atender as demandas de 3 milhões de motoristas paranaenses”, explicou Mazoni.
Já o Serpro, apontou os avanços no projeto de acessibilidade que está sendo implantado nos portais do Governo Federal. “Com essa iniciativa, pessoas com necessidades especiais, como os deficientes visuais, vão poder acessar todos os nossos serviços”, informou Rosa.