Em todo o mundo usuários e desenvolvedores de tecnologias da informação associados à Organização Internacional de Padronização (ISO) estão envolvidos numa acirrada disputa pela definição do modelo e padrões de documentos eletrônicos. Essa disputa determinará, em última instância, o comportamento, os gastos e as potencialidades das instituições usuárias de documentos eletrônicos e da indústria de tecnologias da informação. A definição da ISO acontecerá em outubro. A posição brasileira é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), cujos associados se reúnem na próxima terça-feira (21) no Rio de Janeiro para discutir o assunto.
Do Paraná, participam reuniões da ABNT, a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) e o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec).
Atualmente o padrão ISO de arquivos eletrônicos é o Open Document Format (ODF), ou formato aberto de documentos. A Microsoft, a principal empresa privada de softwares do mundo, tenta a todo custo que o seu padrão, o OpenXML, ou extensão de marcação de linguagem, seja aceita pela ISO. Para a abertura de um documento com extensão oXML o usuário necessita de uma ferramenta de escritório, o Oficce, fabricada pela Microsoft e comercializada junto com o sistema operacional Windows. Se não for aceito o OpenXML e for mantido apenas o ODF, a Microsoft se obrigará a adaptar seus programas a este padrão. Se o OpenXML for aprovado teremos o compartilhamento do padrão da Microsoft e o ODF, que em última análise significará altos custos para o armazenamento e a disponibilidade de dados. As análises da ABNT, até agora, apontam que o ODF é um padrão tecnicamente bem superior ao da Microsoft.
SEMINÁRIO – Para o diretor brasileiro da Aliança ODF, Jomar Silva, as principais vantagens do formato aberto é a liberdade que o usuário tem de acessar qualquer documento, a interoperabilidade que permite a abertura de arquivos em qualquer plataforma e redução de custos.
Jomar Silva participou na última terça-feira em Curitiba de um seminário promovido pela Celepar e pelo Movimento Software Livre sobre padrões abertos de documentos. A abertura do evento foi feita pelo presidente da Celepar Nizan Pereira, que destacou que o padrão ODF já é utilizado pelo Governo do Paraná que está migrando todos seus computadores para esse formato e que, consequentemente, a posição da Celepar no fórum da ABNT será pela manutenção desse padrão pela ISO. Segundo Nizan Pereira, a discussão em torno desse assunto extrapola a questão técnica. “Trata-se do direito das pessoas terem acesso a arquivos e documentos, por meio de qualquer sistema, produzidos em todo mundo”, destacou. O representante da Celepar no fórum da ABNT é o assessor de Planejamento Vitório Furusho, um dos responsáveis pela tradução do padrão ODF da ISO.
Sobre a Aliança ODF, Jomar Silva destacou que ela foi criada em 2006 para permitir ao setor público um maior controle e o gerenciamento direto de seus próprios registros, informações e documentos, por meio de uma especificação técnica para o armazenamento de arquivos de uso comum, hoje ou daqui a 20 anos, sem perigo de perda de informações por incompatibilidade de versão de ferramentas ou por dependência da compra de suítes de escritório. Para ele, a adoção de padrões fechados de arquivos é um risco para o registro do conhecimento acumulado. A título de ilustração ele cita a história da famosa biblioteca de Alexandria, que continha a maior coleção de escritos da antigüidade. Destruída no século V, com ela perdeu-se um vasto tesouro de antiga sabedoria.
“Nós trabalhamos globalmente para educar os formadores de opinião, administradores de TI e o público geral sobre os benefícios e oportunidades surgidas do uso de documentos em formatos abertos. A Aliança ODF ajuda a garantir um uso consciente dos meios eletrônicos, de forma a obter o acesso total e intercambiável de arquivos entre plataformas e aplicações, mesmo quando da mudança ou avanço da tecnologia”, resumiu. A entidade reúne atualmente mais de 400 entidades de 60 países, instituições acadêmicas e representantes da indústria, entre elas O Instituto Nacional de Tecnologia e Informática, o Ministério da Defesa, Celepar e empresas como a IBM, Red Hat, Intel Corporation, Novell, Oasis e Adobe Systems.
Celepar defende padrão aberto de documentos eletrônicos
Posição brasileira é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), cujos associados se reúnem na próxima terça-feira (21) no Rio de Janeiro para discutir o assunto
Publicação
15/08/2007 - 17:58
15/08/2007 - 17:58
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