Casa Andrade Muricy abre mostra de arte contemporânea do alemão Gerhard Richter

A exposição “Sinopse” reúne desde os trabalhos de fotografia-pintura dos anos 60 até as pinturas abstratas dos anos 80 e 90 de um dos maiores artistas da atualidade
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18/10/2010 - 18:30
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A Casa Andrade Muricy, espaço da Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com o Goethe-Institut Curitiba e o Institut für Auslands-beziehungen (IFA), inaugura, nesta quinta-feira, dia 21, às 18h30, a exposição Sinopse, de Gerhard Richter, um dos artistas alemães mais conhecidos internacionalmente e, segundo a publicação Art Newspaper, o “artista vivo mais caro” do mundo, com obras que podem custar mais de nove milhões de dólares. A exposição individual apresenta 27 trabalhos representativos, selecionados pelo próprio artista.
A mostra reúne desde os trabalhos de fotografia-pintura dos anos 60 até as pinturas abstratas dos anos 80 e 90. Também faz parte da temática de Richter a história contemporânea da Alemanha. Na mesma data, a CAM também abre a exposição Autorretrato, que conta com 111 artistas apresentando seus autorretratos em xilogravura. As mostras ficam em cartaz até o dia 27 de fevereiro de 2011 e têm entrada gratuita.
Picasso do Século 21
Nascido em 9 de fevereiro de 1932, Gerhard Richter é um dos pintores de maior sucesso na atualidade. Pinturas a partir de fotografias e colagens de recortes de jornais e fotos são algumas de suas marcas registradas. O pintor Gerhard Richter, nascido em 9 de fevereiro de 1932, em Dresden, é considerado por críticos de arte o “Picasso do século 21”. Ele é, sem dúvida, um dos pintores de maior sucesso na atualidade: suas obras se encontram nos museus mais importantes do mundo; trabalhos com sua assinatura alcançam preços recordes no mercado de arte. A revista Capital posiciona Richter, em sua “bússola da arte”, no topo dos artistas vivos.
Não há, no entanto, muitas coisas em comum entre Richter e Picasso. Embora também ame as mulheres, como o pintor espanhol – Richter está casado pela terceira vez –, ele evita mostrar-se em público. Quase não concede entrevistas e raramente é visto nos eventos glamourosos em que os artistas costumam circular. Nas ruas de Colônia, onde vive, dificilmente é reconhecido pelos passantes.
O alemão nascido no Leste do país e que vive há 40 anos na região da Renânia tampouco faz de sua biografia o centro de sua arte, como era o caso de Picasso. “Picasso era alguém que buscava seus motivos em sua vida particular, e isso por décadas a fio”, afirma Dietmar Elger, biógrafo de Richter. “Gerhard Richter evitou isso por décadas a fio. E quando deu espaço para isso, sempre tentou camuflar”, esclarece.
Mas há, sim, um ponto em comum entre os dois artistas: ambos sempre foram precursores nas tendências da arte. É o caso de Gerhard Richter: quando um determinado artista chega lá, ele já partiu há muito para outra. Foi assim com seus primeiros quadros de pop art e, em inícios da década de 60, com as primeiras tentativas no expressionismo abstrato, que Richter rebatizou de “realismo capitalista” – uma resposta irônica à doutrina oficial da antiga Alemanha Oriental, o “realismo socialista”.
Sua despedida definitiva do realismo socialista deu-se em 1961, quando Richter fugiu para a então Alemanha Ocidental. Depois que a Escola Superior de Artes Plásticas de Dresden recusou sua inscrição, ele matriculou-se na Academia de Arte daquela cidade, em 1951. Após a fuga, prosseguiu os estudos na Academia de Arte de Düsseldorf, onde mais tarde lecionou, de 1971 a 1993.
Pouco depois de chegar ao Ocidente, deu início ao seu Atlas, uma coletânea de recortes de jornais, fotografias, esboços, paisagens, retratos, naturezas mortas e colagens. Uma espécie de arquivo de motivos, ao qual ele recorreu continuamente, ao longo das décadas, e que foi exposto na Documenta de Kassel de 1997.
Desde cedo as contradições e as rupturas se tornaram marcas registradas da arte de Gerhard Richter. Representações realistas da natureza, pinturas “tremidas” a partir de fotografias, objetos de vidro e espelhos, instalações – é amplo o leque de seus trabalhos. O que muitos criticam como falta de continuidade ou falta de estilo é, na verdade, manifestação de um único intento: Richter está sempre pesquisando e experimentando com a realidade.
“Gerhard Richter é um dos artistas que conseguiram resgatar a pintura para o século 21. Já tivemos muitas vezes a situação de que a pintura foi considerada morta diante de outras técnicas, tais como a arte de ação ou a escultura”, diz o biógrafo Egler. “Com sua pintura baseada em motivos da mídia, Richter encontrou uma forma de continuar se dedicando à pintura numa época em que todos pensavam que já não seria mais possível pintar.” Gerhard Richter conseguiu uma façanha rara: ser um artista reconhecido no Leste e no Oeste da Alemanha e gozar de fama mundial. Mesmo que ninguém o reconheça na rua.
Autorretrato
Buscando resgatar as tradições da xilogravura, Andréia Las, orientadora das oficinas de gravura do Museu da Gravura da Cidade de Curitiba, convidou diversos artistas para que, utilizando essa técnica, fizessem uma obra representando a si mesmo – um Autorretrato, originando a exposição. São 111 obras inéditas produzidas nos dois últimos anos.
A idealizadora também explica o tema escolhido: “É um desafio para o artista se olhar e fazer um autorretrato em xilogravura”. A partir do dia 21 será possível conhecer melhor alguns artistas locais, entre eles, José Roberto da Silva, Elvo Benito Damo, João Osório Brzezinski, Alex Cabral, Maikel da Maia, Dulce Osinski, Rimon Guimarães, Juliane Fuganti, Glauco Menta, Guita Soifer, Eliane Prolik, Alfi Vivern.
Serviço: Abertura das exposições Sinopse, de Gerhard Richter e da coletiva Autorretrato na Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915 – Centro). Dia 21 de outubro de 2010, às 18h30. Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado e domingo, das 10h às 16h. Agendamento de visitas mediadas: (41) 3321-4819. As mostras permanecem até o 27 de fevereiro de 2011. Entrada franca.

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