Caminhoneiros não percebem melhorias nas rodovias por conta do aumento do pedágio


Alguns profissionais gastam mais de R$ 1,5 mil mensais com as tarifas, que ficaram mais pesadas a partir desta terça-feira (1)
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01/12/2009 - 16:20
Editoria
O reajuste do pedágio em 17 praças de quatro concessionárias (Ecovia, Viapar, Ecocataratas e Caminhos do Paraná), aplicado nesta terça-feira (1), pegou alguns motoristas de surpresa e causou fortes reações entre os caminhoneiros que iam a Paranaguá ou voltavam do porto. A maioria deles não entende o porquê de mais um aumento, já que as tarifas aplicadas pelas concessionárias de rodovias do Paraná são consideradas abusivas. Valdeci Vuelmo transporta algodão desde o Norte do Paraná até Paranaguá. O caminhoneiro soube do reajuste na praça de São José dos Pinhais, pouco antes de atravessá-la. Ainda pagou o valor antigo na BR-376 até Curitiba. “Já pagava pouco mais de R$ 73 e agora aumenta o valor? É um absurdo, lamentável e vergonhoso. A distância é curta demais para que a gente deixe tanto dinheiro na praça”. Vuelmo relata que chega a gastar entre R$ 1,5 mil e R$ 1,8 mil em pedágio por mês, valor superior a todas as suas despesas pessoais somadas. “Mais de 10% do meu lucro líquido fica nas praças de pedágio. O pedágio come até o dinheiro que eu poderia usar na manutenção do caminhão.” Contratados por empresas, Vilmar Meira, Joel Taleski e Jaison Ferreira recebem, além do frete, o dinheiro destinado ao pagamento das tarifas cobradas pelas concessionárias, que administram 2,5 mil quilômetros de rodovias no Paraná. Eles sabem que, se não houvesse essa despesa, o frete poderia ter um valor melhor. “É a empresa que paga o pedágio, mas com certeza a gente perde. O frete não sobe também por conta do pedágio. Isso sem contar as praças a distâncias pequenas e a falta de obras”, reclamou Ferreira. Para Anderson Rodochinski, que traz cargas da região Noroeste do Estado, a falta de obras grandes é o maior problema. “As empresas têm coragem de cobrar o que cobram, mas eu rodo em muita pista simples ainda. E aí estamos sujeitos a tudo. Até mesmo a acidentes. Não vemos muito investimento com o que gastamos em pedágio”. PREVISÃO – Já o caminhoneiro Vilson Silveira, que transporta cargas pelo Paraná há mais de 20 anos, acredita que em algum tempo não haverá mais procura pelo transporte rodoviário por causa do custo elevado causado pelas tarifas. Segundo ele, esse movimento já começou a ser percebido nas estradas paranaenses. “Muitos exportadores não nos procuram mais. Não compensa. É muito caro e em algumas situações eles podem usar os trens com mais economia. Aí é que o frete não sobe mesmo e a nossa situação só piora.”

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