Câmara da Indústria e Comércio de Caxias do Sul defende Ferrosul

Presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, fez a abertura do II Seminário de Transporte Ferroviário de Cargas, onde entidade fez a defesa
Publicação
08/06/2010 - 17:10
Editoria
O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, fez a abertura do II Seminário de Transporte Ferroviário de Cargas, que está acontecendo em Caxias do Sul (RS), com uma palestra sobre os avanços e desafios da Ferrosul. Durante o seminário, a diretoria da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), promotora do evento, e o empresariado local, defenderam a extensão de um ramal da Ferrosul até aquele município gaúcho.
Samuel Gomes explicou que a Ferrosul é o resultado de uma aliança estratégica entre várias unidades da federação com o objetivo de desenvolver a região Sul. “A Ferrosul terá como tarefa principal planejar, construir e operar as novas ferrovias em bitola mista - larga e métrica - nos quatro estados do Codesul e ligá-las aos nossos portos e à malha nacional e dos países vizinhos”, afirmou Gomes.
“Também será papel da Ferrosul recolocar em operação trechos abandonados pela concessionária privada. Faremos isso como política de fomento, utilizando a ferrovia como ferramenta indutora do desenvolvimento regional, em especial de regiões distantes do litoral e dos portos”, explicou Gomes.
“Por outro lado, a Ferrosul também desenvolverá transporte de passageiros nas suas novas linhas”, prosseguiu. “Faremos uso compartilhado das linhas no transporte de cargas e de passageiros, como fazem atualmente países como a China, Coréia do Sul e Austrália. Nesses países, trens de carga trafegam a 80/90 km por hora e os trens de passageiros a 130/150 km por hora. Isso é perfeitamente possível fazer no Brasil. A Ferrosul buscará implantar este modelo, adequando-o à nossa realidade”, observou o presidente da Ferroeste.
Samuel Gomes afirma que “todos os novos ramais da Ferrosul são viáveis, isto é, podem ser construídos com recursos de financiamento de projetos de infraestrutura e pagos com a receita operacional gerada pela ferrovia em prazo de 20 anos”.
Gomes também assegura que “a Ferrosul será uma empresa gerida segundo as melhores técnicas da governança corporativa aplicadas ao setor público. Trabalharemos com metas fixadas em parceria com a sociedade e os setores produtivos e o seu cumprimento será apresentado com transparência através de indicadores de desempenho”.
O presidente da Ferroeste ressalta ainda que pensa “planejar o momento da abertura do capital da Empresa, mantendo-se sempre o controle público”. E complementa: “teremos lucro, mas buscaremos principalmente a redução dos custos logísticos para a região Sul, o Brasil e a América do Sul se desenvolverem. Os setores privados que quiserem associar-se à Ferrosul nesta empreitada serão bem-vindos”. Segundo Samuel Gomes, o conceito da Ferrosul é “ferrovia para a sociedade, para os produtores, para o desenvolvimento econômico, com preservação da natureza”.
Ainda segundo Gomes, para industrializar o interior, o País precisa reduzir o custo do transporte e isso será possível por meio de ferrovias modernas e eficazes como a Ferrosul. O presidente da Ferroeste também defende a participação do Exército no projeto e estima que dois anos seja o prazo para a construção de todos os ramais.
EMPRESÁRIOS - O presidente da CIC, Milton Corlatti, logo após a abertura do seminário, afirmou que a apresentação de Gomes foi de “grande valia” para as lideranças empresariais e políticas presentes no evento: “esclareceu não só o processo de formação da Ferroeste como também a sua transformação em Ferrosul”. Segundo ele, a Serra gaúcha precisa de um modal de transporte alternativo. “Somos o segundo polo metalmecânico do Brasil”, disse ele, complementando que os “números, por si só, justificam a retomada do trem”. Corlatti afirma ainda que “o espírito empreendedor de nossa Região espera poder contar com a inteligência de nossos gestores públicos para a execução de projetos que nos posicionem na vanguarda da logística sustentável do custo Brasil”.
Para o vice-presidente de Comércio da CIC, Nelson Sbabo, que coordena o Comitê do Trem e Desenvolvimento Regional da Serra Gaúcha, o seminário é uma etapa importante no projeto que busca atender à demanda hoje existente por transporte de cargas na Serra gaúcha. Somente Caxias do Sul, segundo ele, movimenta anualmente três milhões de toneladas de matérias-primas e insumos, como demonstra levantamento feito pela CIC, e “o transporte ferroviário de cargas é uma alternativa para o escoamento da nossa produção”.
O diretor corporativo de finanças e relações com investidores da Randon, fabricante de equipamentos de transporte rodoviário e ferroviário, Astor Milton Schmitt, presente no seminário, disse que sua empresa acompanha de perto “a evolução da estrutura de logística” no país e que considera “auspiciosa” a articulação em torno da Ferrosul e da ligação do Porto Rio Grande (RS) por ferrovia à Norte-Sul, em São Paulo, através do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O projeto, segundo ele, “vai dotar os três Estados do Sul de bitola larga” e “integrá-los ao sistema brasileiro”.
OFÍCIO - O vereador Mauro Pereira (PMDB), de Caxias do Sul, município com o segundo maior produto interno bruto do Rio Grande do Sul, considerou que a palestra do presidente da Ferroeste, “com seu entusiasmo”, deixou clara a importância da Ferrosul para o desenvolvimento da região Sul e também que é o “Estado brasileiro que ganhará com isso”. O vereador, que enviou um ofício ao governador Orlando Pessuti, elogiando a participação do Paraná, através do presidente da Ferroeste, no seminário em Caxias do Sul, afirmou ainda não ter “dúvida nenhuma de que com os Estados do Sul organizados, o setor produtivo se beneficiará com o barateamento dos custos do transporte”.
Participam do seminário representantes da Secretaria do Planejamento e Gestão do RS, Assembléia Legislativa, Laboratório de Transportes e Logística da UFSC (LabTrans), Federação das Indústrias (Fiergs), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).
O seminário ferroviário, realizado pela CIC, que prossegue até esta terça-feira (8), com o fechamento e assinatura da Carta com as deliberações do encontro, também é promovido pela Prefeitura de Caxias do Sul, Aglomeração Urbana do Nordeste (AuNe), Universidade de Caxias do Sul e Coredes da Região Funcional 3. Dezenas de municípios da região apóiam o evento, através das associações de municípios da Serra, dos Campos de Cima da Serra, da Encosta Superior do Nordeste e da Associação de Turismo da Serra.