Brasileiros e paraguaios defendem ponte bimodal entre Foz e Paraguai

Projeto seria a segunda ponte sobre o rio Paraná entre Foz do Iguaçu e Puerto Presidente Franco, no lado paraguaio
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25/06/2010 - 18:50
Editoria
A construção de uma ponte bimodal sobre o rio Paraná, ligando o Brasil ao Paraguai, através do rio Paraná, em Foz do Iguaçu, proposta pelo presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, repercutiu nesta sexta-feira (25) nos dois países. O vice-ministro dos Transportes do Paraguai, Luis Maria Pereira, depois de conversar com Gomes, disse que “é de suma importância considerar a possibilidade de incluir o modal ferroviário” no projeto da segunda ponte sobre o rio Paraná entre Foz do Iguaçu e Puerto Presidente Franco, no lado paraguaio.
O presidente Lugo, do Paraguai, já constituiu uma comissão interministerial para agilizar a ligação ferroviária entre os dois países, informou Luis Maria Pereira, e para o vice-ministro “a ponte é o ponto mais crítico” do projeto. O Paraguai “está empenhado para que o modal ferroviário seja incluído e o Paraguai venha a fazer parte do corredor bioceânico”, complementou.
Já a consulesa do Paraguai para o Paraná e Santa Catarina, Lourdes Bogado, informou que pretende fazer um pedido de audiência formal ao governador Orlando Pessuti “para pedir a ele que se some ao esforço da Ferroeste e se aprove busque a aprovação do projeto da ponte com o modal ferroviário”. Para ela, essa será uma “via de transporte importante para a saída dos produtos agrícolas paraguaios tanto para o Brasil como para o mundo inteiro através do Porto de Paranaguá”.
A proposta da ponte bimodal também está sendo levada para a apreciação do Itamaraty, em Brasília, “a fim de que se verifique a possibilidade de atender à essa demanda da Ferroeste e da Ferrosul”, disse ontem (24) o chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores no Paraná (Erepar), ministro Sergio Couri.
Para o vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, a região sempre percebeu a necessidade de “ter um braço da Ferroeste chegando até Foz e que possa adentrar o Paraguai e formar o corredor bioceânico até o Pacífico”. Conforme o vice-prefeito, a “segunda ponte pode fazer parte desse corredor e é importante que seja colocada em pauta desde que não atrase significativamente o projeto”. Chico Brasileiro disse que pretende conversar com os vários segmentos da sociedade de Foz do Iguaçu para pleitear junto ao DNIT a viabilidade do modal ferroviário. “Não podemos perder essa oportunidade”, concluiu.
O deputado estadual Reni Pereira disse que a atitude de incluir o modal ferroviário na segunda ponte “é uma atitude de inteligência do Brasil e do Paraguai porque vai encurtar o tempo e permitir um transporte mais barato e eficiente”. Reni Pereira lembrou que há seis anos, a pedido do presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, apresentou uma Indicação Legislativa (nº 123/2004) sugerindo a inclusão da ligação ferroviária no projeto da segunda ponte e que a medida foi aprovada por unanimidade pela Assembléia Legislativa do Paraná.
Já o diretor de comércio exterior da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), Mário Camargo, disse que “desde que não retarde o projeto já em andamento, é óbvio que somos a favor, porque Foz do Iguaçu passaria a ter quatro modais: rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário”. A primeira reunião para pleitear que o projeto da ponte incluísse a modalidade ferroviária foi realizada na sede da Acif em 2007.
O próprio DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), segundo o presidente da Ferroeste, considera que é “técnica e juridicamente possível promover alteração no escopo do projeto da segunda ponte” para que ela seja construída com os dois modais, rodoviário e ferroviário, como era previsto no Memorando entre os Presidentes do Brasil e do Paraguai, que, posteriormente, foi alterado para permanecer apenas rodoviário. Para Gomes, esse foi “um erro estratégico, tendo em vista o avanço no processo de criação da Ferrosul e de integração ferroviária na América do Sul, mas que, felizmente ainda é passível de ser sanado”.