O Brasil ainda carece de um projeto nacional, disse o governador Roberto Requião no encerramento do seminário “Crise – Desafios e Estratégias”, realizado nesta sexta-feira no Canal da Música, em Curitiba. “Avançamos muito nas políticas sociais, na qualidade de vida dos mais pobres, mas nos falta um projeto maior, de reafirmação do Brasil como nação. Ainda estamos tentando nos sintonizar com os teóricos do mercado”, falou.
“Não podemos continuar ao sabor das vontades do Consenso de Washington. Estamos, certamente, com políticas de direção certa, mas ainda extremamente fracas, subordinadas aos senhores do mundo”, disse Requião, ao fechar o debate que trouxe a Curitiba os economistas Carlos Lessa – ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – e Reinaldo Gonçalves e o cientista político César Benjamin.
“As políticas sociais como o Bolsa Família, o Luz Fraterna, a Tarifa Social, são anestésicos necessários. Mas, ainda que nos falte um projeto de nação definido, prefiro, mil vezes, a sensibilidade social do (presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva) do que a alternativa que teríamos. Com Lula, vemos a amenização do neoliberalismo e uma política social consistente”, falou o governador, respondendo críticas do de Reinaldo Gonçalves à política econômica do governo federal.
“Mas as críticas do professor Reinaldo à nossa subordinação ao comércio de commodities com a China são perfeitas. Estamos de novo nos tornando uma plantation, um país produtor de commodities agrícolas, com todo o custo que isso traz ao meio ambiente. São críticas agudas, que têm de ser assimiladas”, afirmou Requião.
“O Brasil tem progredido muito. Não somos mais a fazenda de café que fomos um dia. Temos avançado, ainda que mas mais devagar que o resto do mundo. E, nos últimos anos, o crescimento veio acompanhado de mudança de foco, de políticas sociais. Mas ainda nos faz falta um projeto nacional”, falou Requião.
“A visão do Brasil nação não está presente nas políticas públicas, na questão do petróleo. O governo federal parece convencido de que o petróleo do pré-sal deve ser vendido, não deve ficar aqui, e que nosso desenvolvimento se apoiará no biodiesel, no combustível vegetal. Não concordo, acho que esse petróleo tem de ser nacional”, argumentou.
“O seminário foi excepcional, aprendemos muito. Vamos acompanhar o desenrolar da crise e marcar um novo debate no segundo semestre, em setembro ou outubro”, adiantou o governador.
Brasil precisa de projeto de nação, diz governador
“Avançamos muito nas políticas sociais, na qualidade de vida dos mais pobres, mas nos falta um projeto maior, de reafirmação do Brasil como nação”, falou Requião
Publicação
05/06/2009 - 18:42
05/06/2009 - 18:42
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