Nesta época do ano, as empresas que operam instalações do sistema elétrico começam a conviver com um fator de risco adicional à normalidade dos serviços prestados à população: o fogo. Esse perigo decorre tanto dos festejos juninos – dada à insistência de muitas pessoas em persistir com o ato criminoso de soltar balões – quanto da prática de queimadas, método ainda muito usado para a renovação de pastagens e limpeza do solo, para o próximo plantio.
Na Copel, os encarregados pela operação de usinas geradoras, linhas de transmissão, subestações e redes de distribuição redobram a atenção e os cuidados com a vigilância, pois fogo e energia elétrica não combinam. “A população precisa ter em mente que uma queimada, próxima de linha de transmissão ou a queda de um balão sobre uma subestação podem provocar desligamentos de grandes proporções, com sérios prejuízos e transtornos para muita gente”, adverte o diretor de distribuição da Copel, Ronald Ravedutti. “Felizmente, ainda não tivemos registro de nenhuma ocorrência de vulto neste ano, mas considerando que o risco existe e que o inverno sequer começou, o alerta que estamos lançando é muito oportuno.”
CRIME – Uma das grandes fontes de preocupação da Copel é com os balões juninos que, além do fogo da tocha, empregam armações de metal ou transportam estruturas – as cangalhas – repletas de fogos de artifício. Há poucos dias, equipes da Companhia retiraram um balão de grandes dimensões de uma das mais importantes linhas de transmissão do anel elétrico de Curitiba, que conecta as subestações Pilarzinho e Campo Comprido. “Tivemos registro dessa ocorrência que, por sorte, não resultou em desligamentos, pois o balão foi retirado numa operação complexa por nosso pessoal especializado na execução de trabalhos em linhas energizadas”, relatou Ravedutti. “Ainda assim, considerando a importância da linha para o suprimento da Capital e o tamanho do balão que caiu, podemos dizer que boa parte de Curitiba correu sério risco de ficar temporariamente sem eletricidade”.
Em 15 de agosto de 1998, um balão caiu sobre a linha que conecta as subestações Bacacheri e Pilarzinho, na zona norte da cidade, e pegou fogo. O incidente aconteceu num sábado, em horário de grande demanda, e desativou a linha provocando queda nos níveis de tensão em toda a Capital. Cerca de 20% da carga foi desligada e retomada assim que a tensão foi estabilizada. A linha só voltou a operar 17 horas depois: 36 isoladores inutilizados precisaram ser substituídos, assim como um transformador de corrente na subestação Pilarzinho, que explodiu. Conforme relato de técnicos na época, a ocorrência só não se transformou num grande blecaute pela ação dos operadores e eletricistas que, rapidamente, manobraram o sistema, transferindo as cargas para outras linhas e circuitos.
No Brasil, soltar balão transformou-se em crime em 13 de fevereiro de 1998, quando entrou em vigor a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). O seu artigo 42 proíbe “fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano”. A pena para os infratores é de um a três anos de detenção ou multa (ou ambas em conjunto).