Baixas tarifas mantém grandes consumidores clientes da Copel

Outros fatores ressaltados por industriais foram energia assegurada e relacionamento
Publicação
20/11/2004 - 00:00
Editoria
Mesmo com a possibilidade de migrar para o mercado livre e escolher outra empresa que lhe atenda, grande parte dos consumidores industriais da Copel diz preferir manter seu vínculo com a estatal em vez de procurar outra fornecedora. Entre as razões citadas por eles está a menor tarifa elétrica do Brasil, garantida pelo governador Roberto Requião em troca da pontualidade no pagamento das contas de luz. Em alguns setores da indústria, o gasto com energia elétrica chega a 60% do total de despesas com serviços públicos. Outros pontos levantados foram o atendimento personalizado e a segurança na disponibilidade de energia proporcionada pela grande capacidade de geração da Copel. Essas impressões foram colhidas junto aos 400 maiores clientes industriais e comerciais atendidos pela Copel em Curitiba, Região Metropolitana e Litoral, reunidos recentemente pela empresa na Capital para seminário destinado a informar sobre as novidades e as tendências no setor elétrico. Muitos dos grandes consumidores revelaram ter percepção de que tarifa barata importa e muito, mas o bom atendimento é essencial. Ao abrir o seminário, o presidente da empresa, Paulo Pimentel, informou que a política de preços diferenciados terá continuidade e que a Copel vai se manter como instrumento de desenvolvimento a serviço do Estado, oferecendo tarifas atraentes para estimular a atividade econômica e fomentar a geração de emprego e crescimento da renda. “O governador Requião foi muito feliz ao determinar a concessão de descontos na tarifa para quem paga a conta de luz em dia, pois se a atividade industrial precisa crescer, a energia deve ser barata”, analisa. Garantias – Para a CNH – Case New Holland, por exemplo, é fundamental ter absoluta segurança de suprimento e dispor sempre das quantidades de energia contratadas para evitar que o funcionamento da linha de montagem seja comprometido por eventual falta do insumo. Essa tranqüilidade a engenheira de fábrica da CNH, Polyanna Foganholi, encontra nos 4.550 megawatts de potência instalada das usinas da Copel. “Já tivemos a oportunidade de trocar de concessionária e até já sentamos para discutir condições de prestação do serviço com mais de uma empresa simultaneamente, mas permanecemos com a Copel, porque as empresas ainda não se sentem totalmente seguras para optar pelo mercado livre”, contou ela. Se a disponibilidade do insumo está garantida em contrato, a energia ainda precisa de bons serviços de transmissão e de uma confiável estrutura de distribuição para chegar com qualidade até o cliente. Por isso, a Copel tem investido a maior parte dos seus recursos na melhoria e modernização das suas redes elétricas e ampliação dos sistemas de atendimento. Em janeiro de 2005, a Copel inaugura a primeira das seis novas subestações que brevemente reforçarão as condições de suprimento à Capital e região próxima. Os investimentos, da ordem de R$ 25 milhões, já anunciados por Paulo Pimentel, vão se traduzir em serviço elétrico mais confiável e seguro, com a adição de 183 MVA (megavolts-ampères) à potência de transformação do anel elétrico metropolitano. Para a manutenção dos equipamentos e da rede elétrica em funcionamento a estatal já reservou R$ 12 milhões do seu orçamento, para 2005. Esse valor é 20% maior do que foram aplicados neste ano. Diferenciais – Criada em outubro de 1954, a Copel participou do crescimento da maior parte das empresas paranaenses e ajudou, com seus serviços, a motivar a vinda de empresas ao Estado. Essa grande proximidade deu origem a histórias de sucesso compartilhado, de parcerias produtivas que resistem ao tempo e que se constituíram em relação de confiança. Por exemplo, a New Holland, dedicada a fabricar colheitadeiras e tratores, tem seu ritmo de produção ditado pelas épocas de plantio e de colheita. Assim, a demanda por energia e o consumo são sazonais, variando bastante ao longo do ano. “Outras empresas demonstraram desconhecer completamente nosso perfil e sequer mantêm uma política estruturada de relacionamento, ao contrário do que faz a Copel”, conta a engenheira Polyanna Foganholi. Ela percebe isso quando o consumo de um certo produto ou serviço aumenta em razão do ritmo de produção e o fornecedor envia à fábrica o aviso automático de seu sistema, alertando que o consumo subiu. “Isso é prova de desconhecimento do nosso perfil”, reclama. “O consumo aumenta, porque está na época de plantar ou de colher e nossa produção também é maior”. Outro grande consumidor de energia que atesta a relação de proximidade com a Copel é a Volkswagen/Audi, instalada em São José dos Pinhais. “Nas nossas outras fábricas em operação pelo Brasil, o relacionamento com a supridora de eletricidade não é tão estreito e aberto como o que mantemos com a Copel”, declara o gerente de serviços de energia do grupo, Alfredo Houszler. Mais indústrias – A prática de tarifas diferenciadas levou o Paraná a ampliar – nos primeiros 18 meses da atual gestão – em quase 4 mil o total de indústrias servidas pela Copel, que agora já são mais de 50 mil. O oposto do que aconteceu, por exemplo, em estados como São Paulo e Minas Gerais, que no mesmo período registraram uma diminuição no número de ligações elétricas industriais ativas.