Bacia do Rio Jordão mantém 50% de cobertura florestal preservada

Um estudo feito na bacia do principal rio da região e um dos afluentes do rio Iguaçu, o rio Jordão, mostra que o rio mantém 50% de cobertura florestal preservada
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03/06/2009 - 18:57
Editoria
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, e o presidente da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), João Lech Samek, estiveram nesta quarta-feira (03), em Guarapuava, no último encontro regional para discussão do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR) com a participação popular. A região é conhecida pelo seu alto potencial hidráulico e grande número de remanescentes de florestas. Um estudo feito na bacia do principal rio da região e um dos afluentes do rio Iguaçu, o rio Jordão, mostra que o rio ainda mantém 50% de cobertura florestal intacta. Ao todo 86 municípios integram as bacias da região que são a bacia do Médio e bacia do Baixo Iguaçu. A Suderhsa já promoveu encontros regionais em Toledo, Paranavaí, Londrina e Curitiba para ouvir da comunidade, que reside em cada um das 16 bacias hidrográficas do Paraná, estratégias de uso e conservação das águas para os próximos 15 anos. “Esta é uma reunião de trabalho em que vamos discutir o futuro das nossas águas e o mais gratificante é que estamos vendo coisas que não víamos no passado como, por exemplo, a recuperação de quatro mil minas promovida pelo setor produtivo em uma Cooperativa de Cascavel”, declarou o secretário. Ele enumerou os avanços garantidos pela Secretaria e pela Suderhsa na gestão dos recursos hídricos no Paraná. “Hoje brigamos para ter qualidade de água nos rios e isso não apenas para termos ictiofauna, mas para salvarmos milhares de espécies, melhorarmos a vazão dos rios, proteger o solo da erosão e também para garantirmos o desenvolvimento econômico nos municípios”, disse Rasca. Ele ponderou que toda indústria precisa de água no seu processo produtivo para eliminar seus poluentes. “E para receber os efluentes de indústrias os rios devem ter capacidade de diluição a ponto de não matá-lo e não torná-lo um canal de esgoto. E a proteção pode ser feita preventivamente, por isso estamos aqui para discutir o potencial do patrimônio hídrico da região”, afirmou o secretário Rasca Rodrigues. TEMAS DE DISCUSSÃO - Entre os temas discutidos na reunião, estão energia hidráulica, poluição das cidades (Guarapuava, União da vitória e Pinhão), problemas de cheias e o Foz do Areia, em relação à proliferação de algas. O Plano Estadual de Recursos Hídricos prevê a implementação de 51 áreas estratégicas de gestão. A bacia do Médio Iguaçu contará com três áreas de gestão e a do baixo Iguaçu cinco, incluindo um conjunto de monitoramento e poços piosométricos – que aferem o nível de qualidade da água. Todas as estações serão sempre associadas ao tipo de uso da água de acordo com a área estratégica, levando em conta condicionantes como influência de indústrias, cheias, estiagem, entre outras. “Este encontro possibilitará devolver à sociedade os resultados do amplo processo de construção do Plano Estadual de Recursos Hídricos. O Plano será uma ferramenta fundamental para a implementação de programas e ações, bem como para o desenvolvimento econômico aliado ao equilíbrio ambiental. Portanto, não se tornará um plano de gaveta, o que é o mais importante”, disse o presidente da Suderhsa, João Lech Samek. BACIA DO JORDÃO - O coordenador da Bacia hidrográfica do rio Jordão, Mauro Battistelli, conta que um diagnóstico realizado no rio trouxe alguns dados importantes para a discussão do Plano. A população que reside na bacia que é de 230 mil habitantes, dividida em seis municípios. “Para nós este encontro é extremamente válido para garantir água de qualidade para o futuro da população e dos animais”, afirmou. Segundo ele, hoje o maior volume de água do rio Jordão é utilizado para a indústria e geração de energia e não para o abastecimento humano, demonstrando o seu potencial. “Isso significa que ainda possuímos água de qualidade e em quantidade. Esta discussão nos ajudará a criar ferramentas e planejar o equilíbrio ambiental das águas na região para os próximos 15 anos”, afirmou Mauro O presidente da Associação dos Municípios Cantuquiriguaçu e prefeito do município de Reserva do Iguaçu, Sebastião Campos, contou que mesmo com todo este potencial, alguns municípios já tiveram falta de água, por problemas diversos e causados por pessoas. “Temos um potencial hídrico que prevê a construção de sete usinas hidrelétricas e ainda assim temos alguns municípios na região onde tivemos que paralisar as aulas. Por isso estamos aqui para ouvir sugestões, aprender e também contribuir com o plano”, mencionou. Já o representante da Organização Não-Governamental (ONG) de Proteção ao Meio Ambiente, Dagoberto Woehl, destacou que a construção do plano com o apoio da sociedade civil está contando com o amparo e conhecimento dos paranaenses. “Temos o desejo de que as propostas sejam pró-ativas e participativas, dando um início forte às questões de proteção das águas”, reforçou. “Precisamos fazer um pacto com as águas porque o único pecado que não se comete é o pecado da omissão e quem está aqui hoje não está pecando porque está contribuindo com a proteção dos recursos hídricos. Tendo água de qualidade e solo fértil nosso Paraná continuará sendo olhado positivamente pelo mundo inteiro”, disse o secretário Rasca Rodrigues. O Plano de Recursos Hídricos é um dos instrumentos estabelecidos pelas Leis federal n° 9.433/97 e estadual n° 12.726/99, também conhecida como Lei das Águas, na qual ocorre um pacto entre o Poder Público, os usuários dos recursos hídricos (indústrias, irrigação, setor de abastecimento de água, geração de energia) e a sociedade civil (Ongs, sindicatos, universidades, associações comunitárias), para fundamentar e orientar a gestão de águas no Brasil.

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