Números da Delegacia da Mulher de Curitiba mostram que as mulheres estão cada vez mais cansadas de ser vítimas de violência. Elas têm procurado com maior freqüência a delegacia para relatar abusos. As denúncias de lesões corporais, por exemplo, saltaram de 734 em 2002 para 1.330 em 2003, um aumento de 55%. Este é um índice considerado positivo para a delegacia. Segundo a delegada Darli Rafael, o que aumentou foi o número de mulheres que tiveram coragem de ir à delegacia registrar queixa. “Elas estão cansadas de serem vítimas e não querem mais dar uma oportunidade ao seu companheiro para se regenerar e resolveram logo denunciar”.
Mas este número ainda não é o suficiente. Segundo a delegada, várias mulheres ainda têm medo de registrar denúncias, muitas vezes porque sofrem pressões, até mesmo por conta da própria família, para não prosseguirem. “Embora muitas vezes elas sejam as provedoras do lar, elas silenciam e ficam suportando as agressões dentro de casa.”
Darli alerta as pessoas para que não se acomodem diante de uma situação como esta. “A partir do momento em que nós vamos nos acostumando com as coisas ruins e elas vão se tornando naturais, isto demonstra que está havendo uma decadência de valores”, ressaltou a delegada.
Ela lembra ainda que muitas mulheres vêm à delegacia, mas depois acabam retirando a queixa. “Isto faz com que o agressor desacredite na capacidade da mulher em reagir a uma agressão e pode tornar-se mais valente”, diz.
A delegada orienta que, em qualquer tipo de violência (física ou moral), a denúncia deve ser a mais rápida possível, para evitar a perda de evidências que comprovem o crime. No caso de crimes de estupro, a vítima pode dirigir-se à Delegacia da Mulher ou, se for maior de 18 anos, pode ir diretamente aos hospitais de Clínicas e Evangélico. Para menores de 18 anos, o atendimento é no Hospital Pequeno Príncipe. “A pessoa pode ir diretamente até lá. O Hospital entrará em contato conosco e mandaremos um médico do Instituto Médico Legal até lá para colher as provas”, orientou Darli.
Segundo a Delegacia da Mulher de Curitiba, todas as informações prestadas são sigilosas e os sofrimentos enfrentados pelas vítimas são respeitados. Ao fazer a denúncia, todas as providências necessárias de auxílio à mulher são tomadas para a mais breve solução das denúncias.
BOX: Dicas da Delegacia da Mulher:
- Evite andar sozinha por ruas pouco iluminadas e/ou movimentadas.
- Geralmente as agressões ocorrem nos ambientes familiares. Procure ajuda para a solução de seus problemas, antes que se tornem insuportáveis.
- Os estupros em família não ocorrem repentinamente. Fique atenta/o ao comportamento dos pais, companheiros, parentes e vizinhos, evitando o assédio que pode incorrer em violência sexual. Crianças e adolescentes que forem molestados devem avisar uma pessoa de confiança para a tomada de providências.
- Existem diversos serviços públicos e privados de ajuda à população, como o Conselho Tutelar, Defensoria Pública, Serviços de Psicoterapia e outros que podem ajudá-la. Informe-se na Delegacia da Mulher.
- Em caso de estupro, não jogue as roupas fora, traga-as para a Delegacia da Mulher quando vier fazer a denúncia.
- Quando o agressor for desconhecido, procure guardar a aparência física, das roupas ou de outros detalhes que ajudem a identificá-lo.
Serviço:
Qualquer denúncia de violência contra a mulher pode ser feita na Delegacia da Mulher pelo telefone 41-223-5323 (o atendimento é 24h) ou em qualquer distrito policial mais próximo.
Aumenta procura pela Delegacia da Mulher
Cada vez mais, vítimas de violência criam coragem para denunciar seus agressores
Publicação
05/03/2004 - 00:00
05/03/2004 - 00:00
Editoria