Árvore de Natal do Provopar é uma homenagem aos povos indígenas

A árvore e as três guirlandas foram montadas em frente ao Palácio Iguaçu com 15 mil cestos trocados por cestas básicas em várias aldeias do Paraná, dentro do programa “Artesanato que Alimenta”
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02/12/2005 - 20:33
Editoria
Os 13 mil índios que vivem nas 28 aldeias do Paraná foram homenageados nesta sexta-feira (02) pelo Provopar Ação Social, ao promover a entrega de sua árvore de Natal, montada em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba. A árvore e as três guirlandas colocadas nas portas de acesso ao palácio foram montadas com 15 mil peças de artesanato indígena pelo artista plástico Luiz Lopes. A solenidade de entrega da árvore de Natal contou com a presença da presidente do Provopar, Lucia Arruda, do secretário de Educação, Mauricio Requião, do chefe de Gabinete do governador, Vanderlei Iensen, do secretário de Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, da secretária de Cultura, Vera Mussi, do secretário de Turismo, Celso Caron, do presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, assessor especial para Assuntos Indígenas, Edívio Batisleli, entre outros. Estiveram presentes ainda líderes indígenas de várias aldeias paranaenses, entre os quais o presidente do Conselho Estadual Indígena, Antonio Ribeiro (Londrina), o presidente do Conselho Regional Indígena de Guarapuava, cacique Silvio Fernandes, o presidente da Associação dos Professores Indígenas do Paraná, Sauri Pafej (Manuel Antonio), o secretário da Associação dos Estudantes Universitários Indígenas do Paraná, Alexandre Aparecido Farias (acadêmico de pedagogia da UEM), o presidente da Organização de Resgate Critico da Cultura Indígena de Curitiba e Região Metropolitana, Romancil Cretã e a vice-cacique da aldeia kainkang de Rio das Cobras (Nova Laranjeiras), Danusa Bernardo. Dois momentos importantes emocionaram os convidados. O primeiro foi na abertura da solenidade, quando um grupo de índios da aldeia Rio das Cobras cantou o Hino Nacional na língua kainkang. O segundo foi proporcionado pelo casal Tucumbó e Pará ao fazer uma prece sagrada cantada em guarani. Aliás, o CD com cantos sagrados é um dos itens do kit indígena que o Provopar está montando para entregar aos museus e escolas estaduais a partir do ano que vem. A entrega simbólica do kit foi feita durante a solenidade desta sexta-feira por Lúcia Arruda ao secretário de Educação, Mauricio Requião. O secretário “quebrou” o protocolo ao pedir que o cacique Rivelino de Castro, da aldeia guarani de Piraquara, participasse da entrega do kit. Em troca, ambos receberam colares indígenas. “O colar entregue ao Mauricio é para afastar a inveja. Já o colar da Lucia Arruda é para dar sorte nos negócios”, disse o cacique Carlos Kajer, da aldeia instalada no Parque Biológico. Resgate do escambo - Para o cacique Silvio Fernandes, a homenagem que o Provopar fez aos índios paranaenses foi importante, “ao mesmo tempo em que, através da árvore, dá a oportunidade para as pessoas conhecerem o nosso artesanato”. Todos os cestos que compõem a árvore foram trocados por alimentos ofertados pelo Grupo Sonae (Big e Mercadorama) ao programa “Artesanato que Alimenta”, mantido pelo Provopar estadual. Todos os meses, uma equipe do Provopar percorre várias aldeias indígenas trocando cesta básica por artesanato. O programa conta atualmente com mais de 850 famílias indígenas cadastradas. “Estamos resgatando o escambo, uma antiga tradição indígena, que nada mais é do que a troca de mercadorias”, informou Lucia Arruda. A presidente do Provopar lembrou as dificuldades vividas pelos índios no Mato Grosso, onde várias crianças indígenas morreram de desnutrição. “No Paraná, isso não está acontecendo. O Provopar está garantindo mensalmente que todas as famílias cadastradas no programa “Artesanato que Alimenta” recebam cesta básica e, assim, tenham condições de sobreviver dignamente”. O secretário Mauricio Requião destacou a iniciativa do Provopar em entregar kit indígena para as escolas estaduais, por entender que o brasileiro precisa conhecer mais suas raízes. “Somos educados para achar que nossa ação se limita a aquela que veio com os colonizadores europeus. Isso não é verdade. Precisamos conhecer a história dos nossos antepassados negros e índios. As diversas nações indígenas foram importantes na formação de nosso país”.