A decoração de Natal do Palácio Iguaçu pretende neste ano valorizar a cultura indígena e divulgar o “Artesanato que alimenta”, ação do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) que já representa importante fonte de renda para mais de 800 famílias indígenas das etnias kaigang e guarani.
“A árvore cumpre neste ano a função de valorizar a cultura indígena ao mesmo tempo em que resgata o verdadeiro valor do Natal como época de confraternização entre povos”, explica o coordenador de artesanato do Provopar, Iramar Hermógenes.
Ao salientar que o programa também resgata a prática do “escambo” – ou a troca de mercadorias feita entre os índios, uma vez que consiste na troca de artesanato por alimentos doados pelo Grupo Sonae – Iramar informa que o projeto já viabilizou a troca da produção indígena por cerca de 17 toneladas de alimentos, ou 830 cestas básicas distribuídas entre as famílias pré-cadastradas. “Nós temos um cronograma mensal que organiza a passagem de um caminhão do Provopar levando as cestas básicas e recolhendo as peças de artesanato”, explica.
O objetivo final do programa “Artesanato que Alimenta” é promover a troca de cestas básicas por artesanato indígena em todas as 23 aldeias, em 22 municípios paranaenses. Atualmente, o Paraná conta com cerca de 13 mil índios das etnias Guarani, Kaingang e Xetá, esta última em adiantado estado de extinção, com apenas nove remanescentes puros dispersos em todo Estado. A maioria sofre com a falta de alimentos, a subnutrição, a precariedade e a inexistência de alternativas econômicas.
Ao incentivar a troca por alimentos dentro da própria aldeia, o programa evita o deslocamento de índios para as cidades e o risco do mau uso do dinheiro obtido a partir da venda com a compra de bebidas alcóolicas, por exemplo.
A presidente do Provopar, Lucia Arruda, ressalta que o programa permite também a visita periódica de um técnico do Provopar nas aldeias e que o projeto será acompanhado pela distribuição de kits de peças de artesanato indígena, CD com músicas kaikangs, vídeos e um histórico das etnias indígenas do Paraná nas escolas estaduais e museus. “O dinheiro obtido com a venda de todo produto indígena nas lojas do Provopar será depositado numa conta específica criada para atender os índios”, salientou.
A Árvore – A árvore de Natal deste ano tem estrutura semelhante a dos anos passados, entretanto sua cobertura traz cestos, bolsas e outros objetos confeccionados pelos índios kaigangs e guaranis.
De acordo com o escultor Luís Lopes, a obra pretende “transpor a estética indígena para nossa cultura” utilizando o símbolo tradicional e usualmente associado ao consumo do período apenas como ponto de partida para uma reflexão sobre o papel da sociedade na preservação da cultura indígena.
Luís informa ainda que as peças de artesanato foram revestidas por uma emulsão acrílica para resistir aos efeitos do clima. A árvore ficará exposta em rente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico.