O Arquivo Público do Estado, departamento vinculado à Secretaria da Administração e da Previdência, prepara uma publicação para contribuir com as pesquisas sobre a chegada e a vida de japoneses no Paraná. O livro – batizado de “Guia de fontes para a história da imigração japonesa no Paraná” – deverá ser lançado em junho, em Rolândia (norte paranaense), dentro das comemorações dos 100 anos do desembarque no Brasil das primeiras famílias vindas do Japão.
O guia vai trazer a descrição de despachos, correspondências, comunicados e outros tipos de atos oficiais, dos anos de 1907 a 1931. E, ainda, a descrição de dossiês temáticos, dossiês individuais e fichas individuais da extinta Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), também sobre os imigrantes japoneses, e que retratam a perseguição política sofrida pela comunidade japonesa, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Fotografias – um total de 46, das décadas de 50 e 60, doadas pelo Fundo Moysés Lupion - também constarão do livro. A publicação contará ainda com dois textos. Um, é a transcrição de trechos de um depoimento do agricultor Tomatada Ikeda, um dos primeiros japoneses no Paraná e percursor do plantio de algodão em Assaí. O depoimento é de 1975, gravado pelo professor Ruy Wachowicz. Outro texto é do trabalho “Trajetórias de imigrantes: vida, experiências e memória de japoneses no Brasil”, de autorias da professora Sidinalva Maria Wawzyniak, doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
CURIOSIDADE - Conforme conta a historiadora Tatiana Dantas Marchette, coordenadora da Divisão de Documentação Permanente do Arquivo Público, uma curiosidade do guia é a data do primeiro documento que ele traz. Trata-se de uma correspondência do então prefeito de Morretes, Bento Gonçalves Cordeiro, escrita em 30 de novembro de 1907 – sete meses antes, portanto, do desembarque dos primeiros japoneses no Brasil (em 18 de junho de 1908, no Porto de Santos).
Na carta, o prefeito solicitava ao vice-governador, Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva, que, quando o embaixador do Japão viesse ao Paraná para tratar de questões relativas à futura chegada de japoneses, que a visita do embaixador se estendesse a Morretes. “Esse documento mostra que as autoridades paranaenses eram partícipes do processo de vinda dos japoneses ao Brasil”, avalia Tatiana.
A historiadora continua: “Não pudemos saber se a solicitação foi atendida, mas temos condições de afirmar que o litoral paranaense, especificamente o município de Antonina, vizinho a Morretes, foi o principal local de assentamento dos primeiros imigrantes japoneses vindos ao Estado. Os ofícios e demais correspondências inseridas no guia foram produzidos e se referem, em sua maior parte, ao município de Antonina, principalmente a partir de 1916, quando aí se deu a fundação da colônia Cacatu pelo pediatra Raul da Costa Carneiro.”
Segundo a coordenadora do Arquivo Público, a pesquisa para a consolidação do material que vai compor o guia demonstrou ser surpreendente o acervo disponível sobre o tema. “As atividades de elaboração do guia começaram de modo tímido, com um ritmo que apostava mais na ausência do que na grande dimensão documental pertinente.”
Arquivo Público prepara livro sobre imigração dos japoneses ao Paraná
Publicação, denominada “Guia de fontes para a história da imigração japonesa no Paraná”, deverá ser lançada em junho em Rolândia, no Norte do Estado
Publicação
02/05/2008 - 09:00
02/05/2008 - 09:00
Editoria