Arquivo Público prepara livro sobre imigração dos japoneses ao Paraná

Publicação, denominada “Guia de fontes para a história da imigração japonesa no Paraná”, deverá ser lançada em junho em Rolândia, no Norte do Estado
Publicação
02/05/2008 - 09:00
Editoria
O Arquivo Público do Estado, departamento vinculado à Secretaria da Administração e da Previdência, prepara uma publicação para contribuir com as pesquisas sobre a chegada e a vida de japoneses no Paraná. O livro – batizado de “Guia de fontes para a história da imigração japonesa no Paraná” – deverá ser lançado em junho, em Rolândia (norte paranaense), dentro das comemorações dos 100 anos do desembarque no Brasil das primeiras famílias vindas do Japão. O guia vai trazer a descrição de despachos, correspondências, comunicados e outros tipos de atos oficiais, dos anos de 1907 a 1931. E, ainda, a descrição de dossiês temáticos, dossiês individuais e fichas individuais da extinta Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), também sobre os imigrantes japoneses, e que retratam a perseguição política sofrida pela comunidade japonesa, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Fotografias – um total de 46, das décadas de 50 e 60, doadas pelo Fundo Moysés Lupion - também constarão do livro. A publicação contará ainda com dois textos. Um, é a transcrição de trechos de um depoimento do agricultor Tomatada Ikeda, um dos primeiros japoneses no Paraná e percursor do plantio de algodão em Assaí. O depoimento é de 1975, gravado pelo professor Ruy Wachowicz. Outro texto é do trabalho “Trajetórias de imigrantes: vida, experiências e memória de japoneses no Brasil”, de autorias da professora Sidinalva Maria Wawzyniak, doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). CURIOSIDADE - Conforme conta a historiadora Tatiana Dantas Marchette, coordenadora da Divisão de Documentação Permanente do Arquivo Público, uma curiosidade do guia é a data do primeiro documento que ele traz. Trata-se de uma correspondência do então prefeito de Morretes, Bento Gonçalves Cordeiro, escrita em 30 de novembro de 1907 – sete meses antes, portanto, do desembarque dos primeiros japoneses no Brasil (em 18 de junho de 1908, no Porto de Santos). Na carta, o prefeito solicitava ao vice-governador, Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva, que, quando o embaixador do Japão viesse ao Paraná para tratar de questões relativas à futura chegada de japoneses, que a visita do embaixador se estendesse a Morretes. “Esse documento mostra que as autoridades paranaenses eram partícipes do processo de vinda dos japoneses ao Brasil”, avalia Tatiana. A historiadora continua: “Não pudemos saber se a solicitação foi atendida, mas temos condições de afirmar que o litoral paranaense, especificamente o município de Antonina, vizinho a Morretes, foi o principal local de assentamento dos primeiros imigrantes japoneses vindos ao Estado. Os ofícios e demais correspondências inseridas no guia foram produzidos e se referem, em sua maior parte, ao município de Antonina, principalmente a partir de 1916, quando aí se deu a fundação da colônia Cacatu pelo pediatra Raul da Costa Carneiro.” Segundo a coordenadora do Arquivo Público, a pesquisa para a consolidação do material que vai compor o guia demonstrou ser surpreendente o acervo disponível sobre o tema. “As atividades de elaboração do guia começaram de modo tímido, com um ritmo que apostava mais na ausência do que na grande dimensão documental pertinente.”