O mesmo produto que eleva o nome do Porto de Paranaguá como maior porto graneleiro do Brasil passará a ser usado como alimento de crianças carentes da cidade. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) lançou o projeto “Vaca Mecânica”, iniciativa do Programa “Porto Comunidade”, que utiliza a sobra técnica de soja, que não foi destinada à exportação, para produção de leite, e ainda do resíduo gerado para produção de pães, bolos e biscoitos. Idealizado pelo superintendente Eduardo Requião, o projeto busca aproximar a comunidade do Porto e beneficiar crianças carentes dos municípios de Paranaguá, Antonina e das ilhas da Baía de Paranaguá. “O trabalho está sendo lançado próximo ao Natal, data de solidariedade, e o Porto mostra seu espírito natalino e sua obrigação de estar junto às comunidades carentes”, afirmou o superintendente. Diariamente, 5 mil crianças de até 12 anos receberão os pacotes de 250 ml de leite de soja, produzidos na fábrica montada nas dependências da Appa por funcionários da autarquia, treinados especialmente para a atividade, como práticas de higiene na manipulação de alimentos e as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). PARCERIA - O projeto está sendo realizado pela Appa em parceria com o Banco do Brasil e com as empresas Paraná Operações Portuárias (Pasa) e Sal Diana e conta com o apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Força Verde e de lideranças religiosas que ajudarão na distribuição nas comunidades carentes. “Temos orgulho de participar deste projeto. Geramos mais de 250 empregos diretos em Paranaguá e contribuímos para o desenvolvimento da nossa comunidade. Acredito que esta é uma responsabilidade muito grande e é muito importante mantermos esta parceira”, disse Agenor Sebastião Tavares, diretor do Sal Diana, empresa instalada em Paranaguá há 50 anos. O gerente geral da Pasa, Pérsio Souza de Assis, também comemorou a implantação do projeto. “Fomos convidados para participar desse projeto com a doação de 30 mil quilos de açúcar. A distribuição do leite de soja é um projeto importantíssimo porque Paranaguá é uma cidade carente e a soja tem um valor nutricional muito bom”, avaliou. NUTRIÇÃO - A nutricionista responsável pela produção, Isabele Alves da Silva, explicou que a soja é um alimento rico em proteína vegetal e muito importante para combater a desnutrição. “Um pacote de 250 ml para crianças menores de dois anos é responsável pela reposição de 30% das suas necessidades diárias de proteína. Seu consumo auxilia na prevenção de sérias doenças como a deficiência de crescimento e de aprendizado, além da desnutrição”, declarou. A previsão é que, em três meses, a produção alcance 9.600 pacotes produzidos diariamente e distribuídos a um maior número de beneficiados. Assim que a produção aumentar, a fábrica terá 210 quilos de resíduos diariamente. O produto também possui valor nutricional e pode ser aproveitado para a confecção pão, bife, quibes, biscoitos, croquetes e outros. Para esta produção, a Appa já está desenvolvendo a criação de uma cozinha experimental. BOX Igrejas farão a distribuição às famílias beneficiadas A distribuição do leite de soja terá o apoio da Polícia Militar, através da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros e dos integrantes da Companhia Independente da Polícia Portuária, que levarão o produto até as igrejas, que farão a distribuição às famílias beneficiadas. “A distribuição será acompanhada, em dias alternados, por uma equipe do Projeto para evitar qualquer tipo de adulteração do produto, ou o uso indevido, por terceiros, da finalidade deste trabalho de cunho puramente social”, comentou Edimari Mansur, responsável pelo projeto. O cadastramento das famílias contou com o apoio das igrejas católica e evangélicas de Paranaguá e Antonina. Só em Paranaguá serão atendidas 997 famílias, num total de cerca de três mil crianças. “Este é um trabalho muito positivo e de extrema importância porque é destinado ao atendimento das famílias carentes. É um bom exemplo de partilha e um grande exercício de solidariedade”, avaliou o Bisbo Dom João Alves dos Santos. Opinião compartilhada pelo pastor Alaor Costa. “Deus está abençoando e tocando no coração daqueles que podem amenizas as necessidades dessas pessoas. Estou feliz e vou me dedicar a esse trabalho”. Segundo o deputado estadual Mário Roque, a atual gestão portuária também trabalha pela inclusão social. “O Porto de Paranaguá sempre esteve de costas para a cidade e hoje mostra-se preocupado com as questões sociais do Litoral”, afirmou.