América Latina mantém antigas formas para enfrentar a pobreza


O alerta foi feito em Curitiba pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laura Tavares Soares, durante o quinto encontro do Ciclo de Debates sobre Políticas Públicas para a América Latina
Publicação
05/10/2007 - 14:20
Editoria
As propostas para enfrentamento da desigualdade social na América Latina estariam reproduzindo discursos hegemônicos de mais de uma década, conforme aponta a pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laura Tavares Soares. Ela questiona a existência de um “novo consenso” que estaria se reproduzindo com nova vestimenta. Laura foi a palestrante, em Curitiba, durante o quinto encontro do Ciclo de Debates sobre Políticas Públicas para a América Latina, promovido pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Sanepar e Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio da Caixa Econômica Federal, BRDE e Codesul. Na visão da pró-reitora, os “novos consensos” repetem as antigas formas neoliberais na implementação de políticas públicas na área social, que são baseadas na redução ou no abandono da função do Estado. Tais projetos tendem a substituir o Estado pelo terceiro setor, focar ações nos mais pobres só por critérios de renda, colocam a preocupação com o bem-estar como responsabilidade das famílias e das comunidades, ou seja, que elas sejam auto-sustentáveis. “Continuam os discursos de que deve haver pequenos projetos de sustentação, focados em locais em que os mais pobres tenham que se manter sem o Estado. Quando os ricos prescindem do Estado criticam que este deve ser mais atuante, menos burocrático, mais eficaz e mais presente. Já quando os pobres é que precisam do Estado o fato é visto como paternalismo”, criticou Laura. A proposta de Laura é que se implante políticas públicas integrais em que o Estado assuma sua responsabilidade, sem ficar limitado em transferências de renda. Estas políticas devem levar em consideração a universalização territorial, mapeando espacialidades da pobreza e implantando nestes espaços políticas integradas de geração de emprego e renda, políticas para idosos, para crianças, educação, cultura e esporte, sem políticas isoladas. Para Laura, o Paraná é um Estado muito mais forte nas políticas publicas por assumir junto às prefeituras que possuem poucos recursos responsabilidade no ensino, na saúde e no acesso a serviços básicos. Outra proposta debatida por Laura é a universalização do ensino superior. Ela comenta que já estudos na UFRJ para que o aluno de ensino médio tenha acesso às universidades públicas através de formas diferenciadas, sem o modelo tradicional de vestibular, com acompanhamento do estudante a capacitação dos professores. Ela cita que no Brasil há 12% dos jovens nas universidades, sendo 3% deles nas públicas. “Isto é um absurdo. O Equador possui 25% dos jovens nas universidades, Argentina 30% e Cuba 55%. Nós não somos mais pobres que eles. É preciso pensar um modelo de universidade diferente. Oferecer acesso ao ensino superior assim como ele tem acesso ao ensino médio”, conclui.

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