A qualificação profissional de 300 jovens em conflito com a lei, dentro do Programa Aprendiz, teve início nesta semana em onze cidades do Paraná. Eles vão trabalhar em órgãos públicos de administração direta nos municípios de Curitiba e Região Metropolitana, Maringá, Ponta Grossa, Pato Branco, Cascavel, Foz do Iguaçu, Campo Mourão, Umuarama, Londrina, Paranavaí e Toledo. “Somando-se aos que já estão no programa, serão 457 adolescentes que recebem a oportunidade de trabalhar, melhorar a escolaridade e, principalmente, mudar de perspectiva”, garante a presidente do Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), Thelma Alves de Oliveira.
Implantado em abril de 2004, o Programa de Aprendizagem para adolescentes em conflito com a lei oferece para jovens com idade entre 14 e 21 anos que cumprem medidas sócioeducativas ou que estão em fase final de cumprimento dessas medidas, a oportunidade de participar de qualificação profissional e ingressar no mercado de trabalho.
Cada jovem cumpre uma carga de vinte horas semanais de trabalho, sendo quatro delas de curso profissionalizante em serviços administrativos e dezesseis dedicadas às práticas do trabalho. Para isso, eles recebem um auxílio de meio salário-mínimo, vale-transporte e benefícios trabalhistas e previdenciários. A meta é de que, até julho, 700 adolescentes estejam inseridos no programa.
O Aprendiz é gerido pelo Instituto de Ação Social do Paraná, que é responsável pelas políticas de proteção especial. A qualificação dos 300 adolescentes está sendo feita pela Secretaria de Educação. Além da Secretaria, contratos com o Sistema Nacional de Aprendizagem Comercial e com o Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (antigo Cefet) permitem que essas instituições também façam a qualificação dos adolescentes dentro do programa.
“Além da oportunidade de aprendizado, o programa é também uma oportunidade para a convivência social e a inclusão dos adolescentes. Isso sem contar que o jovem eleva sua escolaridade, já que é obrigado a estar matriculado e freqüentando a escola enquanto permanecer no programa”, destaca o Secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Emerson Nerone. “A profissionalização não pode ser uma ação separada de outras políticas como a de geração de emprego, trabalho e renda, de atenção à criança e ao adolescente, de desenvolvimento econômico e de políticas educacionais”, completa.
Parceiros – A empresa de Serviços Geológicos do Estado do Paraná, Mineropar S/A, contratou dois adolescentes, de 17 e 18 anos, há um ano. Ao final do contrato, solicitaram a renovação. “Um ano é o tempo que precisamos para integrar a equipe com os adolescentes. Por isso renovamos o contrato. Nesses próximos 12 meses eles serão ainda mais produtivos, já que superaram todas as barreiras”, declara o assessor da Mineropar, Paulo Roberto Costa dos Santos.
Ele explica que a equipe, apesar do preconceito inicial, percebeu que os adolescentes eram inteligentes, capazes e, principalmente, responsáveis. “A renovação do contrato não é boa só para a Mineropar, que mantém em seu quadro dois jovens competentes, mas também para esses adolescentes e suas famílias, já que o dinheiro que eles ganham muitas vezes ajuda na renda familiar”, garante Paulo. “O programa Aprendiz é muito bom, já que não custa caro para o poder público, e é altamente eficaz. Ao contrário de medidas punitivas, que não recuperam os adolescentes e não oportunizam um convívio social”, completa o assessor.
Um levantamento feito pelo Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp) aponta que o índice de reincidência infracional dos adolescentes que participam do Aprendiz é de apenas 7%, o que, segundo o Iasp, comprova o caráter preventivo e inclusivo do programa. A taxa de desistência é de 30%, considerada baixa se for considerado o perfil dos jovens. Ainda segundo o levantamento, 80% dos familiares apontaram melhoria no comportamento dos meninos.
Entre os adolescentes que participam do programa, 83% são do sexo masculino e 17% feminino. A maioria, 73% deles, tem apenas o ensino fundamental e 27% tem ensino médio.
Adolescentes em conflito com a lei recebem qualificação profissional
A ação faz parte do Programa de Aprendizagem para 300 jovens. Cada adolescente cumpre uma carga de vinte horas semanais de trabalho, sendo quatro delas de curso profissionalizante em serviços administrativos e 16 dedicadas às práticas do trabalho
Publicação
11/05/2006 - 06:00
11/05/2006 - 06:00
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