O delegado-geral da Polícia Civil, Adauto Abreu de Oliveira, garante que a acusação de falsificar notas fiscais, feita contra ele pelo deputado estadual Mário Bradock (PMDB), é infundada e incoerente. “O deputado agiu de má-fé porque sabe como funciona o processo de recebimento de diárias na polícia e recorreu ao falsário João Cândido Maciel, investigador afastado por mim na primeira semana do governo Requião, por apresentar notas frias”, afirmou Adauto.
Para o governador Roberto Requião, as notas apresentadas pelo deputado Bradock têm fortes indícios de que foram forjadas. “O Adauto tem a minha confiança. Ele não era fiscal de notas apenas autorizava as viagens e já determinei a abertura de uma sindicância para apurar as responsabilidades”, resumiu.
Adauto disse que apenas assinava a autorização da data da viagem dos delegados e que os valores apresentados pelo deputado foram forjados. “Todo o dinheiro para diárias da Corregedoria não chegava a R$ 15 mil, enquanto ele acusa um valor de R$ 26 mil”, registrou. De acordo com o delegado as despesas de viagens são depositadas em contas de funcionários titulares, que se resumem a no máximo R$ 3 mil por trimestre, e que os policiais designados para as viagens prestam contas a estes funcionários que posteriormente encaminham ao Tribunal de Contas.
Segundo o delegado-geral, a prática de falsificação de notas ocorre com freqüência em viagens da Polícia Civil. “Os policiais dormem na beira da estrada e depois pedem notas nos hotéis para justificar o recebimento das diárias”, exemplificou. Diante da existência destes atos, o delegado-geral encaminhou ao governador, no início do ano, um pedido para que as notas de viagens da Polícia Civil fossem acompanhadas de outros documentos que comprovem a legalidade das notas fiscais.
Adauto também atribui a denúncia as medidas adotadas desde que assumiu o cargo, como por exemplo, os 300 pedidos de demissão de policiais corruptos, a exigência de cumprimento da jornada de oito horas de trabalho, a remoção de 160 policiais que estavam em Curitiba para o interior e, ainda, por concordar com as mudanças no estatuto da Polícia Civil, que aguarda a votação da Assembléia.
“Eu estou cumprindo meu papel e tentando melhorar o funcionamento da Polícia Civil, mas existem muitas pessoas contrárias a estas atitudes e interessadas em me desestabilizar”, enfatiza. Adauto ainda afirma que a postura do governo do Estado é de não permitir intervenções políticas nos assuntos internos da polícia civil, como remoções e designações e que o deputado Bradock não aceitou esta condição.
Adauto ressalta que a sindicância determinada pelo governador Roberto Requião não é dirigida contra ele, mas sim para apurar e comprovar o seu não envolvimento nas denúncias apresentadas pelo deputado.