No painel Crise e Economia Mundial, que abriu as atividades desta segunda-feira (08) do seminário Crise – Rumos e Verdade, o economista e especialista em finanças da Universidade Estadual de Moscou, Andrey Kobyakov, sugeriu medidas para superar a crise do sistema financeiro mundial. O primeiro passo seria lutar contra a especulação financeira e abolir pré-condições para especulação no mercado financeiro.
“A visão que o mercado financeiro não influencia na economia real é incorreta. A economia real não influencia a esfera financeira, já o mercado impõe seus efeitos negativos sobre a economia real e a sociedade, destruindo recursos de produção e desestimulando a atividade produtiva, que pode ser mais lucrativa que a especulação”, afirmou.
Outra saída seria incentivar investimentos a longo prazo. Também seria necessária e urgente, na opinião do economista, a proibição de vendas em curto prazo e de empréstimos para alavancagem de impostos que estimulam atividade especuladora no mercado de ativos.
MORAL - Kobyakov fez um histórico da crise, relatando que, no início do século 21, o mundo encontra uma situação na qual os ativos financeiros superam o valor da economia real, incluindo os bens físicos e serviços, em centenas de vezes.
Segundo ele, considerar a atual crise econômica um “fato inesperado” é um erro. “A crise é uma conseqüência das políticas adotadas. Isso é decorrência de um roubo”, afirmou. “O controle da máquina impressora de dinheiro permitiu que um pequeno grupo de nações se apropriasse do excesso de consumo e pagasse com títulos sem intenção de devolver essa dívida real; ou seja, fizeram empréstimos sem intenção de pagar”, disse. “Isso se chama roubo. Diversas nações se apropriaram do resultado do trabalho do resto do mundo e foram parasitas da maior parte da população”, destacou.
Para o especialista russo, foi um ganho às custas da liberdade de terceiros e tornou esta economia imoral por definição, pois excluiu a distribuição justa. “Em vez disso, ela contradiz o princípio de justiça pública e transforma o dinheiro em ‘ferramenta do diabo’”, ressaltou. “Ele reforma o sistema de finalidades e os valores hierárquicos de todas as sociedades, transformando a motivação da vida da destinação criativa a uma obsessão com o mero consumo, gerando o relativismo moral e indiferença”, disse.
Kobyakov explicou que o capitalismo, com seu percentual de lisura, surgiu na era da reforma do século XVI na Europa com a ética puritana inerente, que serviu como contrapeso para justificar moralmente a utilidade desta atividade. Segundo ele, uma mudança importante de valores só viria a ocorrer no século 20, quando a ética puritana da reforma e a ética cristã tradicional foram rejeitadas e consideradas relíquias desnecessárias. “Neste momento, a teoria econômica foi considerada uma ciência positiva em si e liberada de qualquer visão moral, enquanto a prática econômica foi interpretada como se não precisasse de limitações morais”, detalhou.
Mas, alertou Kobyakov, se continuarmos rejeitando a necessidade de auto-análise, a raça humana estará se dirigindo para uma catástrofe global. “O sistema atual é corrupto e imoral, e os mecanismos financeiros globais são ineficientes do ponto de vista desenvolvimento social”, concluiu.
Ações contra especulação financeira são sugestões de economista russo
Para Kobyakov o sistema atual é corrupto e imoral, e os mecanismos financeiros globais são ineficientes do ponto de vista desenvolvimento social
Publicação
08/12/2008 - 14:20
08/12/2008 - 14:20
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